Sábado, 20 de Dezembro de 2025

Home em foco O silêncio de alguns apoiadores de Jair Bolsonaro nas últimas eleições, como o senador Sergio Moro e os governadores Cláudio Castro, Ratinho Jr. e Ronaldo Caiado, após sua condenação pelo TSE, incomodou aliados do ex-presidente e expôs falta de unidade à direita

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A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na última sexta-feira (30), de tornar Jair Bolsonaro inelegível por oito anos expôs a falta de unidade em torno dele, embora o ex-presidente seja tratado como a principal liderança de direita no País. Aliados próximos não escondem o incômodo em relação ao silêncio de figuras como o senador Sergio Moro (União-PR) e o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), diante da condenação do ex-titular do Palácio do Planalto por abuso de poder político e mau uso dos meios de comunicação.

Advogado de Bolsonaro e ex-secretário de Comunicação Social da Presidência, Fabio Wanjgarten tentou minimizar a falta de manifestações públicas de apoio de alguns aliados emblemáticos, sobretudo nas redes sociais.

“Os apoios privados são mais sinceros que públicos”, afirmou Wajngarten.

Correligionário do ex-presidente, Cláudio Castro fez seu último aceno na véspera da condenação. Na ocasião, ele disse que a inelegibilidade de Bolsonaro aumentaria a sua relevância política. A tentativa de demonstrar apoio, no entanto, foi considerada “um equívoco” e “infeliz” pelo ex-titular do Planalto.

“(Bolsonaro será) talvez até mais importante do que se estivesse elegível. Não tenho dúvidas de que um candidato à Presidência que teve 49% (dos votos) tem uma infinidade de seguidores, que terão um sentimento de injustiça. Com certeza, (será) ainda melhor do que elegível, não tenho dúvida”, disse Castro, no 22º Fórum Empresarial Lide.

Após a decisão do TSE, o governador não se pronunciou mais sobre o assunto.

Afastamento gradativo

O senador Romário (RJ), reeleito pelo mesmo partido do ex-presidente, também ignorou a condenação. Eles estão afastados desde que Bolsonaro anunciou apoio à candidatura de Daniel Silveira (PTB) ao Senado nas últimas eleições.

Governadores que estiveram no palanque com o ex-chefe do Planalto em 2022, como Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, também não lhe prestaram solidariedade de forma pública. Ambos têm mantido distância segura de Bolsonaro e investido em um bom relacionamento com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia é estreitar o diálogo para conquistar mais recursos para seus estados e cacifar seus aliados nos próximos pleitos.

No Congresso, a cobrança mais enfática é por um posicionamento público do ex-juiz e senador Sergio Moro. Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, ele saiu brigado do governo, mas se reconciliou durante a campanha do ano passado numa empreitada contra Lula.

O ex-juiz da Lava-Jato chegou a ser cobrado pelo próprio filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). No domingo (2), o vereador carioca ironizou Moro ao responder a uma publicação de uma influenciadora que questionava o silêncio do senador.

“Alguma manifestação do Moro em relação à inelegibilidade de Bolsonaro?”, escreveu a bolsonarista. “Terceira via tá chamuscando a beirola”, respondeu o vereador. Moro afirmou que não tem se pronunciado sobre a condenação do ex-presidente.

Já a sua mulher, a deputada federal Rosangela Moro (União-SP), assinou um projeto que visa a anistiar condenados em crimes eleitorais desde 2016. Ela, contudo, também não fez menção pública a Bolsonaro.

Aliados, porém calados

— Sergio Moro: Foi o silêncio mais sentido pelo entorno de Jair Bolsonaro. O ex-ministro deixou o governo como desafeto do ex-presidente, mas eles se reconciliaram nas eleições para tentar derrotar Lula.

— Ratinho Júnior: Governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD) também tem adotado postura de diálogo com o governo petista. Esteve no palanque com Bolsonaro, mas não demonstrou apoio ao aliado no pós-julgamento.

— Cláudio Castro: O governador do Rio, do PL, se calou após o resultado. Na véspera, disse que uma condenação deixaria o ex-presidente mais relevante. Bolsonaro considerou a declaração do correligionário “infeliz”.

— Ronaldo Caiado: Aliado de Bolsonaro em 2022, o governador de Goiás (União) é uma das principais lideranças ruralistas. De olho em recursos da União para o seu estado, tem sido discreto no apoio ao ex-titular do Planalto.

— Romário: Afastado desde que o ex-presidente declarou voto em um adversário nas eleições passadas, o senador reeleito pelo PL não manifestou opinião sobre os oito anos de inelegibilidade impostos a Bolsonaro.

— Eli Borges: Líder da bancada evangélica, é um dos seis deputados do núcleo bolsonarista do PL (composto por 66 parlamentares dos 99 eleitos) que não externaram apoio ao ex-presidente após a condenação pelo TSE.

A postura de aliados menos radicais tem motivado críticas de “bolsonaristas raiz” no Parlamento:

“Uma das coisas que nós conservadores achamos muito importante é lealdade, existem muitas pessoas que usaram o nome de Bolsonaro para se eleger e num momento que ele foi considerado inelegível, viraram as costas. Isso incomoda a todos nós”, disse a deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP).

O deputado Bibo Nunes (PL-RS), autor de um projeto de lei que prevê a redução do tempo de inelegibilidade de oito para dois anos, afirma que “quem fica em silêncio, não tem direito a nada”.

“Eles se escondem”, concluiu o parlamentar. “Essa decisão (do TSE) foi muito errada. A atitude (de Bolsonaro) era cabível de punição, mas jamais esta pena.”

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