Sexta-feira, 30 de Maio de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 29 de maio de 2025
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio Grande do Sul (Gaeco/MPRS) e a Corregedoria da Polícia Penal realizaram nessa quarta-feira (28) uma operação conjunta para desarticular esquema criminoso envolvendo funcionário e detentos do Presídio Estadual de São Borja (Pesb). Conforme as investigações, o agente recebia suborno para permitir o ingresso de drogas, celulares e outros objetos ilícitos nas celas.
A ofensiva inclui os municípios de Itaqui e Farroupilha. Cerca de 80 agentes, com apoio da Brigada Militar (BM), cumpriram oito mandados de busca e apreensão, além da quebra de sigilos pessoais, bancários, fiscais e informáticos. No presídio foram recolhidos celulares e drogas nas celas dos dois internos que também são alvo da operação.
Já o servidor penal investigado foi conduzido a uma Delegacia de Polícia para averiguação (devido a quantidade de drogas encontrada em sua residência, incluída no roteiro da operação), mas acabou liberado. Ele está agora afastado de suas funções, ao menos durante a apuração do caso, a pedido do MPRS.
Entenda
A operação e a investigação foram conduzidas pelo promotor de Justiça João Afonso Beltrame, coordenador do 8º Núcleo Regional do Gaeco (Central). Também participaram seus colegas André Dal Molin (coordenador do Gaeco no Estado), Manoel Figueiredo Antunes, Laís Saboia Souto e Janice Katherine dos Santos Barros.
Segundo Beltrame, foram constatadas irregularidades em pelo menos duas situações. O policial penal vinha beneficiando uma facção criminosa da Fronteira-Oeste gaúcha.
Os apenados envolvidos são líderes deste grupo e também da galeria onde ocupam cela no presídio. Eles têm envolvimento em crimes como homicídio, extorsão, corrupção, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
A operação dessa quarta-feira teve por objetivo cumprir a decisão de afastamento cautelar do policial penal investigado, bem como apreender celulares, documentos e mídias para obter mais provas do esquema e verificar se há a participação de mais criminosos envolvidos, bem como encontrar objetos ilícitos na casa prisional e mapear desde quando as irregularidades eram praticadas – sabe-se, agora, que o caso remonta a pelo menos um ano.
Os crimes apurados são organização criminosa, corrupção ativa e passiva. Em relação às ordens judiciais, foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em São Borja (três na Pesb e outros dois em residências), dois em Itaqui (na casa e no veículo de uma mulher ligada aos suspeitos) e outro em Farroupilha (na residência de outra mulher envolvida).
Flagrante
O promotor João Beltrame relata que a investigação foi deflagrada após informações repassadas ao Gaeco pela Corregedoria da Polícia Penal: em novembro do ano passado, o servidor foi flagrado por câmeras de segurança quando recebia dentro da cadeia um envelope suspeito de dois detentos.
Após apuração interna, concluiu-se que o envelope continha dinheiro. Em abordagem ocorrida logo após o fato, o policial penal levava cerca de R$ 1 mil nos bolsos do uniforme, situação atípica e, por isso, informada à direção do presídio – posteriormente, também ao Ministério Público. Apurou-se, ainda, que o servidor manteve contato com outros detentos e pessoas de fora do estabelecimento prisional, ligadas a ações criminosas.
(Marcello Campos)
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