Domingo, 15 de Junho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 14 de junho de 2025
A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã da sexta-feira (13), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro do Turismo Gilson Machado. À noite, Moraes revogou a prisão, afirmando que a medida já havia produzido efeitos esperados e que podia ser substituída por medidas cautelares.
Machado é suspeito de obstruir o trabalho de investigadores e da Justiça ao supostamente tentar obter um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, delator do processo da trama golpista. Na mesma operação, Cid teve um celular apreendido em sua residência e foi levado para depor na sede da PF em Brasília, onde negou intenção de sair do país.
A movimentação dessa sexta foi precedida por outra reviravolta na ordem de Moraes. Em uma decisão emitida de madrugada, por volta da 1h, o ministro havia determinado que a PF fosse às ruas logo pela manhã para prender tanto Cid quanto o ex-ministro do Turismo do governo Bolsonaro, aceitando de forma integral um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Pela manhã, a PF estava prestes a prender o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro quando Moraes avisou à cúpula do órgão que a medida seria revogada. Agentes se preparavam para se dirigir à residência de Mauro Cid, em Brasília, mas foram avisados de que o mandado seria apenas para uma busca e apreensão.
Viagem de familiares
De acordo com documento obtido pelo jornal O Globo, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou um pedido ao STF no qual defendeu a decretação da prisão preventiva de Cid após a PF informar que quatro familiares do militar deixaram o Brasil rumo aos Estados Unidos.
Segundo a PGR, a informação reforça uma possibilidade que vinha sendo apurada pelos investigadores de que Cid e Machado vinham buscando formas para o ex-ajudante de ordens sair do país. Às autoridades, Machado negou ter atuado para embaraçar a atuação do Judiciário e alegou ter recorrido ao consulado de Portugal em Recife, onde mora, para tirar o documento para o seu pai.
Gonet apontou que a proximidade do fim da análise do mérito da ação penal fazia com que fosse necessária a adoção de medidas mais duras, com o objetivo de garantir o cumprimento da lei.
Ao chegar ao Instituto de Medicina Legal (IML), Machado, o quarto ex-ministro de Bolsonaro a ser preso, negou as acusações contra ele. “Não matei, não trafiquei drogas, não tive contato com traficantes. Apenas pedi um passaporte para meu pai, por telefone, ao Consulado Português do Recife. Meu pai tem 85 anos. No outro dia, ele foi lá no consulado, juntamente com meu irmão. Se não recebeu, está para receber a renovação do passaporte português dele”, alegou Machado.
Machado acrescentou não ter estado presente em nenhum consulado ou embaixada. Além disso, afirmou que as ligações e áudios de suas conversas com os funcionários da embaixada poderiam ser checados para confirmar a versão apresentada por ele.
Na véspera de ser preso, Machado recepcionou Bolsonaro no aeroporto de Natal e depois almoçou com ele e outros aliados. O ex-ministro registrou o encontro em suas redes sociais. Nos vídeos, ele afirmou que Bolsonaro estava “recuperado” e iria iniciar de novo a “rota 22 (número de urna do PL)” pelo Nordeste.
Na decisão em que revogou a prisão de Machado, Moraes ordenou algumas medidas cautelares, como comparecimento quinzenal à Justiça, proibição de viagens e saída do país, cancelamento do passaporte e proibição de renovação do documento.
Segundo o ministro do STF, há indícios suficientes de que Machado buscou ajudar Cid a fugir da aplicação da lei penal, o que poderia configurar o crime de obstrução de investigação.
Já Cid, além de negar à PF a intenção de sair do país, disse desconhecer um pedido de passaporte português em seu nome. O ex-ajudante de ordens também alegou não ter contato com Machado desde o fim do governo Bolsonaro.
O depoimento durou mais de 3 horas. Cid foi ouvido ainda sobre mensagens publicadas pela revista Veja. De acordo com a publicação, o tenente-coronel usou um perfil no Instagram para se comunicar com um aliado de Bolsonaro sobre o conteúdo de sua delação, o que é proibido. Quando foi ouvido em interrogatório no STF, Cid negou que tenha usado esse perfil.
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