Segunda-feira, 11 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de agosto de 2025
Vários países árabes e muçulmanos condenaram, no sábado (9), o plano de Israel de assumir o controle da Cidade de Gaza, considerando-o uma “escalada perigosa”. Cerca de 20 países, incluindo Egito, Arábia Saudita e Turquia, afirmaram que o plano representa “uma flagrante violação do direito internacional e uma tentativa de consolidar a ocupação ilegal e impor um fato consumado (…) em violação ao direito internacional”.
A Autoridade Palestina também criticou duramente a decisão do governo israelense, ao mesmo tempo em que pediu à comunidade internacional que pressione para permitir a entrada de ajuda humanitária.
Segundo a agência oficial de notícias palestina Wafa, o porta-voz presidencial da Autoridade Palestina, Nabil Abu Rudeineh, afirmou que as medidas do governo israelense constituem “um desafio e uma provocação sem precedentes à vontade internacional de alcançar a paz e a estabilidade”.
Ele também pediu “à comunidade internacional, liderada pelo Conselho de Segurança da ONU, que obrigue urgentemente o Estado ocupante a cessar sua agressão, permita a entrada de ajuda e trabalhe com diligência para que o Estado da Palestina possa assumir todas as suas responsabilidades na Faixa de Gaza”, informou a Wafa.
Na madruga da última sexta-feira, o Gabinete de segurança de Israel aprovou uma proposta do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de tomar o controle gradual da densamente povoada Cidade de Gaza, informou uma declaração do Gabinete do premier, desconsiderando alertas das Forças Armadas de Israel (IDF, na sigla em inglês) de que a operação põe em risco a vida dos reféns ainda em cativeiro e vai causar a morte de ainda mais palestinos.
Na decisão, o Gabinete afirma que dezenas de milhares de palestinos terão até 7 de outubro deste ano para deixar a cidade – uma janela de dois meses que coincide com o aniversário de dois anos dos ataques do Hamas ao sul de Israel, em 2023. Depois desse período, será iniciada uma invasão por terra. A decisão atraiu fortes críticas da comunidade internacional, com o governo alemão anunciando que suspenderá, até novo aviso, a aprovação de exportações a Israel de equipamentos militares que possam ser usados na Faixa de Gaza.
Apesar de o anúncio limitar-se à Cidade de Gaza, há a perspectiva de que também foram aprovadas, ainda que não anunciadas, operações subsequentes para além dessa área, já que a declaração pontua que o objetivo é “destruir (o grupo terrorista) Hamas”, afirma o jornal israelense Times of Israel. Em entrevista à Fox News na quinta-feira, Netanyahu afirmou, antes da reunião de Gabinete, que a intenção de Israel é assumir total controle do enclave.
Cerca de 800 mil palestinos – muitos dos quais já foram desalojados várias outras vezes no conflito de 22 meses – atualmente residem na Cidade de Gaza, localizada no norte do enclave. De acordo com uma autoridade ouvida pelo The Times of Israel, o plano prevê o deslocamento dos civis para o sul, com o fornecimento de ajuda humanitária “fora das zonas de combate”, até a data do aniversário do ataque.
As famílias dos reféns se opõem veementemente ao plano aprovado pelo governo, temendo que ele leve à morte de seus entes queridos, e na quinta-feira se juntaram a milhares de manifestantes que bloquearam estradas e entraram em confronto com a polícia.
Para os civis palestinos, a possibilidade de Israel intensificar sua operação aumentou os temores de que muito mais moradores possam ser mortos e que suas já miseráveis condições de vida em Gaza possam piorar.
“Eles estão falando sobre ocupar áreas que já estão lotadas com tantas pessoas”, disse Mukhlis al-Masri, 34, que foi forçado a deixar sua casa no norte de Gaza e agora está em Khan Younis. “Se eles fizerem isso, haverá uma matança incalculável. A situação será mais perigosa do que qualquer um pode imaginar.”
O porta-voz da Defesa Civil da Faixa de Gaza, Mahmud Basal, informou que 10 pessoas morreram no sábado no território palestino, oito delas por disparos do exército israelense perto de centros de ajuda.
Pelo menos seis corpos, incluindo o de uma criança, foram levados ao hospital Al Awda, no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, juntamente com trinta feridos, declarou Basal à agência de notícias AFP.
As vítimas foram atingidas por disparos israelenses quando civis se reuniam próximo ao ponto de distribuição de ajuda da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês) na estrada principal Salah al Din, no centro do território, afirmou o porta-voz.
Outras duas pessoas, incluindo uma mulher, foram mortas pelas forças israelenses perto de outro centro de ajuda, ao noroeste de Rafah, no sul, acrescentou a mesma fonte.
Segundo testemunhas, vários milhares de pessoas se reuniram na manhã de sábado ao redor dos centros de ajuda da GHF (apoiada por Estados Unidos e Israel), no centro da Faixa de Gaza e nas áreas a oeste de Rafah e Khan Yunis, na esperança de conseguir alimentos.
O exército israelense não comentou essas informações até o momento. As restrições impostas à imprensa por Israel – que cerca Gaza desde o início da guerra contra o Hamas – e as dificuldades de acesso ao local impedem a AFP de verificar de forma independente as informações fornecidas pelas diferentes partes. As informações são da agência de notícias AFP.
No Ar: Pampa Na Madrugada