Domingo, 28 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 28 de dezembro de 2025
A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal ( STF) Dias Toffoli de convocar uma acareação antes que investigados e testemunhas prestem depoimentos individuais no caso Master tem levantado dúvidas sobre o futuro da instituição. A hipótese de reversão na liquidação do banco de Daniel Vorcaro não salvaria a instituição da insolvência e, em última análise, imporia insegurança jurídica ao sistema financeiro, segundo especialistas.
Avaliada como uma possibilidade remota e sem precedentes na história, a reversão da liquidação recolocaria o banco no sistema. “Seria rebobinar a fita até o momento anterior da intervenção [do Banco Central]”, diz Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da agência de classificação de risco Austin Ratings. “Vorcaro teria os bens disponíveis de novo, eventualmente poderia até voltar a ser diretor do banco, e todas as dívidas do Master voltariam a ser responsabilidade dele.”
Mas rebobinar a fita não apagaria a mancha na reputação do Master para os integrantes do sistema financeiro —desde grandes bancos, que poderiam eventualmente ser credores de uma reestruturação, até o FGC (Fundo Garantidor de Créditos), que funciona com recursos das instituições financeiras, e os próprios correntistas da instituição.
O banco já apresentava problemas de liquidez antes, lembra um advogado especialista em direito bancário que preferiu não ser identificado pela reportagem da Folha de S. Paulo. Se revertida a liquidação, enfrentaria uma grave crise de confiança. O que poderia acontecer, afirma, é uma condenação por perdas e danos, endossando a defesa de Vorcaro frente à Justiça.
A liquidação extrajudicial do Master foi decretada pelo BC em 18 de novembro após meses de análise. Segundo a autoridade monetária, o banco não só tinha problemas de liquidez como também teria praticado fraudes na carteira de crédito para continuar emitindo títulos no mercado privado. Vorcaro foi preso e, após 12 dias, foi solto mediante uso de tornozeleira eletrônica.
A reversão da liquidação imporia desconfianças sobre o próprio sistema financeiro brasileiro à luz dos reguladores internacionais, afirma uma pessoa que já foi ligada ao BC e que também prefere manter o anonimato. Ela lembra que o Brasil acaba de ser avaliado pelo Comitê de Basileia, uma espécie de “banco central dos bancos centrais”. Com informações da Folha de S. Paulo.