Terça-feira, 22 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 21 de julho de 2025
O ex-banqueiro e fundador do Partido Novo João Amoêdo, que se candidatou a presidente em 2018 e permaneceu como uma das vozes no empresariado em defesa de uma terceira via fora da disputa entre petistas e bolsonaristas, avalia que as eleições de 2026 já estão contaminadas pela polarização, e o episódio do tarifaço de Donald Trump contra os produtos brasileiros nos Estados Unidos consolida este cenário.
Nem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que é visto como preferência entre muitos empresários para concorrer no ano que vem, nem o de Minas, Romeu Zema (Novo), nem o de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), têm demonstrado capacidade de desvencilhar seus nomes em relação a Bolsonaro, na opinião de Amoêdo.
“[Tarcísio] colocou o boné enaltecendo a vitória do Trump. Nesse episódio novo, ele achou normal a taxação e propôs uma coisa absurda, que era liberar o Bolsonaro para ir negociar com Trump. Essa postura não é de uma liderança, e muito menos de alguém que almeje presidir o País”, afirma.
No lado petista, por sua vez, Amoêdo afirma que Lula não promoveu alguém para substituí-lo nas urnas, que poderia ser o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Para o ex-banqueiro, o pronunciamento do petista na última quinta-feira (17) foi razoável ao mencionar o superávit comercial dos EUA com os brasileiros, mas ele diz ter receio de que a disputa com Trump seja usada como campanha eleitoral.
Operação
“Acho que faz sentido, inclusive, por causa da última carta do Trump, [endereçada a Bolsonaro, na quinta, dizendo que o processo contra ele deveria terminar imediatamente]. Dá a entender o seguinte: olha, os EUA estão abertos para te receber [Bolsonaro], caso precise de um asilo. E tem o fato de um filho dele já estar lá. Pelo nervosismo que Bolsonaro demonstrou nos últimos dias em entrevistas, acho que ele viu que a probabilidade de prisão cresceu. Assim, uma tentativa de fuga não é descartada. E o Eduardo Bolsonaro, desde que foi para os EUA, ficou cavando narrativas contra o país. É surreal. Ele é deputado federal e está no exterior divulgando narrativas, a maioria falsas, e colocando o Brasil, do ponto de vista econômico, em situação delicada. Resultou nas taxações e depois nessa investigação comercial dos EUA contra o Brasil.”
Terceira via
“Antes de tudo isso, há alguns meses, eu já não tinha expectativa de que em 2026 teríamos uma terceira via. Vamos continuar nessa polarização entre bolsonarismo e petismo. Lula não promoveu alguém que pudesse ser um substituto dele, que poderia ser o Haddad. Fez o contrário: Haddad foi perdendo força no ministério, tendo derrotas pelo próprio governo, que foi atrapalhando.
E do outro lado, no que se está chamando de direita do campo liberal, o que se viu foi alguns governadores totalmente submissos a Bolsonaro, indo em passeata com ele, dizendo que a investigação de tentativa de golpe é perseguição. Eles se mostram mais favoráveis a Bolsonaro do que ao Brasil. Já não tiveram preocupação em defender as instituições, pelo contrário, estão sempre criticando o Supremo.
E agora, nesse episódio da taxação, todos eles deveriam ter condenado a intervenção externa em questões soberanas no Brasil, no Judiciário, e em instituições brasileiras. O governador de Minas, Romeu Zema, veio com a história de que o Brasil tinha que atender as demandas do cliente, colocando os EUA como cliente. Não existe isso, porque o Brasil compra muito mais do que vende. Os EUA não são os clientes. São as empresas e pessoas físicas que são clientes de um ou de outro.”
Tarcísio
“Muito ruim. Primeiro, lá atrás, ele colocou o boné enaltecendo a vitória do Trump. Nesse episódio novo, ele achou normal a taxação e propôs uma coisa absurda, que era liberar o Bolsonaro para ir negociar com Trump. Bolsonaro é um ex-presidente, que não tem nenhum cargo atual no governo e que está sendo investigado. Essa postura (de Tarcísio) não é de uma liderança, e muito menos de alguém que almeje presidir o País. Em vez de dizer que a intervenção externa é um absurdo e que é preciso preservar a soberania brasileira, ele ficou tentando dizer que isso é culpa do Lula.
Não cabe nem discutir, na minha avaliação, de quem é culpa, mas não faz sentido justificarmos uma interferência em questões internas do País. Então, mais uma vez, ele mostrou que tem uma postura oportunista de buscar os votos do Bolsonaro e coloca as instituições brasileiras em segundo plano.” (Com informações da Folha de S.Paulo)
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