Quarta-feira, 01 de Outubro de 2025

Home Economia Parcelado no cartão de crédito: “não existe nada sem juros”, diz o líder das associações comerciais

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Em meio à disputa entre bancos e maquininhas independentes de cartão de crédito, que já chegou à esfera jurídica, o presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), Alfredo Cotait, afirma que o parcelado sem juros é vital ao varejo, mas admite que se trata de um “marketing” do setor.

“Nunca foi sem juros. Não existe nada sem juros. Mas é uma questão do comerciante. Ele, ao vender um produto, sabe qual será o custo (para antecipar aquele valor) e qual é o preço para vender. Tem um cálculo da taxa de juros, porque, no dia seguinte, ele vai lá e desconta (o recebível). Já tem um acordo com o cartão”, diz Cotait.

O empresário e ex-senador complementa: “Acontece que, se você falar que quer pagar à vista, ele (comerciante) não dá esse desconto. Porque ele fala: ‘É parcelamento sem juros’. É o marketing dele. Se der o desconto, irá contra o próprio marketing”.

Questionado se não falta transparência na relação com o cliente, Cotait diz que o modelo já está consolidado no País e ajuda a acomodar as compras no bolso do consumidor. “Daqui a pouco, vai ser o Pix parcelado”, diz ele, prevendo que, independentemente do meio de pagamento, a prática irá se manter.

“As drogarias fazem três ou seis parcelas. O comércio, principalmente de vestuário, faz em dez parcelas. Tem de tudo: até passagem aérea em 12 vezes. Você acha que não tem juro? O juro está computado dentro (do preço)”, diz. Cotait foge do tom beligerante adotado por maquininhas e bancos e diz que a saída seria construir um meio-termo.

Bancos x maquininhas

Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), 75% das compras realizadas com cartão de crédito no País não preveem o pagamento de juros aos bancos emissores. Mas os varejistas, como explicou Cotait, pagam juros às maquininhas para antecipar os valores parcelados, e embutem isso no preço final.

O problema, alegam os bancos, é que as instituições financeiras ficam com todo o risco de inadimplência sem serem remuneradas por isso, uma vez que o juro embutido nos preços acaba indo para as maquininhas. Algumas delas, as maiores, fazem parte dos mesmos conglomerados dos bancos, mas novos entrantes vêm abocanhando fatias relevantes do mercado e há uma disputa feroz por espaço.

Esse é o pano de fundo do impasse em torno do rotativo do cartão, a linha de crédito mais cara do País, que teve os juros limitados pelo Congresso – a dívida só poderá aumentar 100%, ou seja, dobrar de tamanho. As travas entrarão em vigor em janeiro caso o setor não se autorregule. Um acordo, porém, ainda está distante de ser alcançado.

Para os bancos, só é possível reduzir o juro, de forma estruturada e saudável, se houver limitação no parcelado sem juros. As maquininhas, porém, dizem que não há relação direta entre a taxa do rotativo e o parcelado, e veem uma tentativa de restringir a competição.

Juros pirata

A disputa ganhou contornos jurídicos na última semana, com a Febraban denunciando ao Banco Central (BC) e ao Ministério Público a existência de um parcelado sem juros “pirata” – exatamente pelo fato de as maquininhas se apropriarem dos juros do varejo sem correr o risco da inadimplência e sem deixar clara a cobrança das taxas.

O próximo capítulo desse embate está marcado para a próxima quinta-feira, quando o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne para discutir o tema. A proposta dos bancos, entregue ao BC e rejeitada pelas maquininhas, prevê limitar as vendas sem juros a seis parcelas e, em caso de calote, prevê a possibilidade de consolidação do saldo total da fatura. Ou seja, as parcelas futuras do cartão teriam o vencimento antecipado e seriam reparceladas com juro inferior ao do rotativo.

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