Quinta-feira, 21 de Agosto de 2025

Home Política Partidos Progressistas e União Brasil são um fenômeno: atacam Lula e permanecem no governo

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O Partido Progressistas e o União Brasil oficializaram a federação que os transforma num gigante eleitoral e financeiro para as duas próximas eleições. Os números são eloquentes: quase R$ 200 milhões da soma dos dois fundos partidários, se considerado o patamar que ambos receberam nas eleições passadas; 109 deputados, 15 senadores e 7 governadores, constituindo assim a maior bancada da Câmara dos Deputados, cerrando fileiras com o PL e o PSD entre as maiores bancadas no Senado e abrigando ainda o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP); além de 1,3 mil prefeitos eleitos em 2024, um presidenciável, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e quatro ministros.

Mais do que a robustez da federação, que lhe garante poder de fogo e negociação na montagem de alianças, chama a atenção outro feito: PP e União Brasil instituíram a singular condição de serem, simultaneamente, governo e oposição. Quem acompanha a história errática do nosso sistema partidário sabe que a fluidez ideológica, vamos chamar assim, costuma adornar a vida das legendas. É comum ainda que os partidos abriguem forças distintas, que convivem internamente e disputam espaços e decisões. Também não chega a ser novidade agremiações centristas trafegarem entre a adesão ao governo de ocasião, invariavelmente retribuída com cargos e verbas, e, conforme as circunstâncias, a migração para a oposição. Seria ingenuidade não enxergar a federação recém-nascida com tais lentes, mas os caciques dos dois partidos conseguiram uma proeza maior.

Eles conjugam a permanência na base de apoio ao governo – onde ocupam os Ministérios do Turismo (Celso Sabino), Comunicações (Frederico de Siqueira Filho), Integração e Desenvolvimento Regional (Waldez Góes) e Esporte (André Fufuca), além do comando da Caixa e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) – com a ferocidade oposicionista a Lula da Silva e ao PT, exibida especialmente pelos presidentes das duas legendas, Ciro Nogueira (PP) e Antonio Rueda (União Brasil). Há meses, ambos não só fazem críticas duras ao governo como estão alinhados à candidatura presidencial da direita. Por outro lado, nomes dos dois partidos abrigados no governo têm resistido a um eventual desembarque, mesmo ante as frequentes ameaças de rompimento que Nogueira e Rueda têm feito.

É uma espécie única, que só mesmo o Brasil é capaz de produzir: o governismo de oposição, um paradoxo que resulta em algo impensável até mesmo para os padrões elásticos de coerência ideológica e partidária do País. E assim, enquanto ocupam oficialmente a base de apoio ao governo e usufruem dos cargos e verbas de ministérios e estatais, difundem críticas públicas ferozes ao governo que supostamente representam e trabalham por candidaturas oposicionistas. Pode-se argumentar que o PT costuma relegar a segundo plano parceiros fora da patota. Mas basta acompanhar o ideário de ambos para constatar que nada têm a ver com o lulopetismo: a agenda que pregam, como a defesa de ajuste fiscal, menos impostos e redução do Estado, significa tudo menos o que Lula e seus sabujos defendem.

Donde se conclui que é hora de os dois partidos decidirem, de uma vez por todas, se são governo ou oposição. (Opinião/O Estado de S. Paulo)

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