Terça-feira, 21 de Outubro de 2025

Home em foco Pela 1ª vez em 20 anos, oposição tem chance de derrotar Erdogan na Turquia

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Pela primeira vez em 20 anos, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, corre o risco de perder uma eleição. Segundo a mídia internacional, o pleito de 14 de maio será o mais importante do ano no mundo, definindo o futuro da democracia na Turquia e o papel do país — membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) — porém cada vez mais próximo da Rússia na geopolítica mundial.

No mesmo ano em que terremotos deixaram mais de 50 mil mortos na região da fronteira turca com a Síria, o líder conservador enfrenta inflação fora de controle, levando a população — e sobretudo os jovens — a sonhar com uma mudança de governo. Conhecido por ser imbatível na campanha e carismático entre os conservadores religiosos, aos 69 anos, Erdogan — comparado por muitos a um sultão — tenta manter a liderança após 20 anos no comando do país, como premier até 2014, e depois como presidente.

— Existe uma chance de a oposição ganhar e é a maior chance que eles já tiveram, porque a Turquia está atualmente muito perturbada, a taxa de inflação é muito alta, a segunda ou terceira maior no mundo. Extraoficialmente é de cerca de 120%, embora os números oficiais digam 50%, mas ninguém acredita — diz o professor Sinan Ciddi, diretor-executivo do Instituto de Estudos Turcos da Universidade Georgetown, em Washington. — Após o terremoto que atingiu o país em fevereiro, os eleitores estão procurando por respostas, responsabilização e, possivelmente, mudança.

Nas pesquisas eleitorais ao longo do último mês, o principal rival de Erdogan e líder do maior partido de oposição, Kemal Kılıçdaroglu, aparece com ligeira vantagem, variando entre 1 a 10 pontos percentuais de acordo com a sondagem, em uma média de 4 pontos.

Seis partidos se uniram em uma coalizão cuja principal plataforma é tirar Erdogan do poder. Outros dois candidatos se registraram para concorrer, mas aparecem com poucas chances nas pesquisas — um é acusado pela coalizão opositora de estar concorrendo apenas para dividir o voto e levar as eleições a um segundo turno em 28 de maio, a primeira vez que isso ocorreria. O segundo turno acontece se nenhum dos dois candidatos alcançar mais de 50% dos votos.

— Houve uma crise gigantesca do custo de vida que impactou significativamente a popularidade de Erdogan e do seu partido [AKP, Partido da Justiça e Desenvolvimento] — diz Wolfango Piccoli, analista da consultoria de risco político Teneo. — Além disso, pela primeira vez em 20 anos, a oposição está unida numa frente. São seis partidos diferentes que perceberam que competir um contra o outro, divididos, não estava funcionando.

A principal promessa da oposição é tirar Erdogan do poder. Entre as propostas, também está retomar o parlamentarismo, substituído pelo presidencialismo por Erdogan em 2018 para fortalecer seu poder. O sistema é visto pela oposição como uma das maneiras encontradas por Erdogan para enfraquecer a democracia, além da perseguição à imprensa e a professores e servidores públicos depois da tentativa de golpe por uma parte das Forças Armadas em 2016.

Outras propostas de campanha também são compartilhadas pelo próprio líder atual, como controlar a inflação e encontrar maneiras de enviar de volta à Síria os milhões de refugiados que vivem no sul da Turquia desde o início da guerra civil no país vizinho há 12 anos. Com os terremotos deste ano na região sul do país, o problema se agravou, somando-se aos desalojados sírios os turcos que tiveram suas casas destruídas. Estimativas indicam que cerca de três milhões de turcos podem ter problema para votar porque tiveram que sair de casa após o terremoto.

Apesar de a oposição a Erdogan contar com os jovens eleitores que vão votar pela primeira vez para tirá-lo do poder, a escolha do candidato opositor não foi a mais óbvia. Aos 74 anos, Kemal Kılıçdaroglu é considerado um político mais moderado, contido, menos carismático do que o rival populista. Seu apelido na mídia turca é “Gandhi Kemal”, em homenagem ao líder indiano defensor da desobediência civil.

Os jovens teriam preferido outras opções que trariam renovação à política, mas o partido de oposição decidiu-se por Kılıçdaroglu, que agora conta com apoio desde a centro-esquerda de sua própria legenda, o Partido Republicano do Povo (CHP), a nacionalistas e dois ex -aliados de Erdogan.

— A geração mais jovem quer mudança, um líder mais jovem — diz uma voluntária turca de Adana que trabalhou nos resgates após o terremoto, mas prefere não se identificar por medo de represália. — Mas eles também não querem dividir os votos da oposição.

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