Quinta-feira, 19 de Junho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 3 de maio de 2025
No fim da década passada, diferentes setores da sociedade aplaudiram a decisão de grandes casas de moda de banirem o uso de pele animal. Prada, Versace, Giorgio Armani, Chanel, Tom Ford e Maison Margiela foram algumas das marcas que adotaram o movimento conhecido como “fur-free” – livre de pele, em português.
Agora, mesmo em versões sintéticas, o material voltou com força às passarelas, reacendendo debates intensos no setor. Durante a temporada internacional de inverno 2025/2026, grifes como Etro, Ferragamo, Michael Kors, Miu Miu e Balmain exibiram looks que, ainda que falsos, soaram o alarme.
Nunca se viu tanta pele – ou pelos – nas apresentações de moda. O “The Wall Street Journal” chegou a anunciar o retorno com um dado relevante: quem lidera essa retomada são os jovens, que buscam essas peças principalmente em lojas de segunda mão.
Ao analisar o momento atual, em que predomina o uso da pele sintética, a stylist Manu Carvalho resgata a importância histórica do material.
“A pele imprime proteção e aura. Também representa riqueza e glamour. Se falsa, possibilita essa volta. O que não é aceitável é o uso de animais”, afirma.
A especialista em moda e sustentabilidade Alexandra Farah vê nesse retorno uma conotação política. “Estamos vivendo um momento superconservador que foi endossado por Donald Trump. Ele liberou todo mundo para estar do lado errado da História”, diz.
O escritor André Carvalhal compartilha a mesma visão crítica. “Quem assiste ao desfile não sabe se é fake ou verdadeira. Não usar mais pele era uma tomada de consciência. Voltar atrás reafirma antigos hábitos”, comenta.
Para Yamê Reis, coordenadora de Design de Moda no Istituto Europeo di Design-Rio, o discurso em torno do vintage também precisa ser olhado com atenção.
“Há ainda a narrativa do vintage, como se fosse ético sair por aí com a raposa morta da avó por se tratar de uma peça antiga”, pontua.
Assim, em meio a tendências e revisitações, a volta da pele às passarelas – mesmo que sintética – coloca em xeque os avanços éticos conquistados nos últimos anos e mostra que, na moda, nem todo movimento é definitivo. As informações são do jornal O Globo.
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