Sexta-feira, 01 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 31 de julho de 2025
As medidas dos Estados Unidos impostas ao Brasil na quarta-feira (30), incluindo o anúncio de sanções da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e a assinatura do decreto de Donald Trump, que oficializa tarifas de 50% aos produtos brasileiros, repercutiram na imprensa internacional.
Veículos de comunicação dos Estados Unidos e de países da Europa e da América Latina classificaram as medidas de Trump como “crise política”, “perseguição” e “guerra comercial”.
O jornal norte-americano The New York Times publicou na tarde de quarta a notícia “EUA atingem o Brasil com tarifas e sanções contra juiz, em forte escalada”, tratando tanto do tarifaço de Trump quanto da aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes.
O texto menciona que “os Estados Unidos cumpriram suas ameaças de aplicar tarifas de 50% ao Brasil dois dias antes do previsto e impuseram sanções ao ministro da Suprema Corte que supervisiona o processo criminal do ex-presidente Jair Bolsonaro”.
O jornal ainda cita que “as medidas representaram uma forte escalada da crise entre o governo Trump e o maior país da América Latina”.
Também nos Estados Unidos, o jornal The Washington Post publicou duas manchetes na quarta. A primeira delas com o título “EUA endurecem sanções contra juiz no centro de disputa entre EUA e Brasil”, focada nas restrições aplicadas a Moraes. Já a segunda trata diretamente sobre o tarifaço, intitulada “Trump assina ordem para justificar tarifas de 50% sobre o Brasil”.
A Bloomberg noticiou que a sanção ocorre no momento em que os EUA intensificam a “perseguição” ao juiz relator das ações judiciais que têm como réu o ex-presidente Jair Bolsonaro, que “tentou um golpe após sua derrota nas eleições de 2022”.
A Reuters contextualizou o anúncio da sanção com o tarifaço de Trump. “O presidente dos EUA, Donald Trump, vinculou as novas tarifas ao Brasil ao que chamou de ‘caça às bruxas’ contra seu aliado de direita”, segundo a agência de notícias.
O argentino La Nacion noticiou que a “punição do juiz faz parte da repressão do governo Trump ao governo brasileiro devido ao julgamento em andamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe”.
Em Portugal, a RTP afirmou que a decisão representa mais uma “escalada da guerra comercial e diplomática” que o governo Trump iniciou contra a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, “a dois dias das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos ao Brasil entrarem em vigor”.
Já a agência de notícias italiana Ansa publicou um artigo com o título “Caso Bolsonaro: Retaliação dos EUA contra Brasil”, em que menciona o tarifaço de Donald Trump. O texto, além de atribuir as sanções ao julgamento do ex-presidente, faz um paralelo com a proximidade de Lula e Rússia nas negociações do Brics.
“A administração de Donald Trump não perdoou o líder progressista por querer conduzir – junto com Moscou – o grupo Brics rumo às transações comerciais em moeda local, ignorando o dólar”, diz o texto.
Ministros do STF defendem que a Advocacia-Geral da União (AGU) conteste nos tribunais internacionais a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes. Na avaliação desses magistrados, essa ação pode ser tanto na Justiça dos Estados Unidos quanto em outras Cortes internacionais. Nesta quarta-feira, o governo Donald Trump anunciou ter incluído o magistrado na lista de pessoas alvo de sanções previstas na legislação do país.
Para integrantes da Corte brasileira, os Estados Unidos descumprem a própria lei ao aplicar as sanções ao ministro do Supremo. A Magnitsky é aplicada por decisão do Executivo, sem necessidade de condenação em processo judicial, e prevê uma série de sanções que, na prática, extrapolam as fronteiras dos EUA. A rigor, basta um ato administrativo do governo americano, que pode ou não ser lastreado em informes de autoridades e organismos internacionais.
Há expectativa de que os ministros do Supremo se manifestem sobre as sanções dos Estados Unidos a Moraes na reabertura dos trabalhos da Corte, nesta sexta-feira (1º). (Com informações dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo)
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