Sábado, 09 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 9 de agosto de 2025
A pesquisa do Datafolha da semana passada induz a algumas observações interessantes.
A primeira delas: não se confirmou a expectativa de que as diatribes de Donald Trump contra o Brasil pudessem melhorar a posição de Lula nas pesquisas. Ficou mais ou menos onde estava a popularidade de Lula e a avaliação do seu governo.
Não foram poucos os cronistas – eu inclusive – que projetaram um avanço de Lula, uma onda a favor, depois de uma sequência que parecia interminável de queda e declínio. Afinal, o canastrão americano havia ultrapassado todos os limites, na sua saga de prejudicar o Brasil.
Lula reagiu com bravura, acreditando que ao falar grosso com Trump atrairia as simpatias dos seus compatriotas e melhoraria a sua posição nas pesquisas, aí incluída a avaliação do seu governo. Mas a pesquisa mostra que – desse ponto de vista – a resposta altiva do presidente quando muito causou uma pequena marola na opinião pública.
É possível que a reação de Lula ainda não tenha decantado de todo, e as futuras mostras do Datafolha e outros institutos identifiquem, afinal, uma reação , uma resposta favorável do distinto público. Mas não foi desta vez.
A pesquisa para presidente revela um Lula ainda competitivo, pois em todas as simulações seu nome ainda aparece com força e tração. Mas o que ele não consegue reverter é ao contingente da rejeição – o que, aliás, também é verdadeiro com Bolsonaro.
Lula, em segundo turno, bate todos os Bolsonaros, inclusive Michelle, por uma margem bastante significativa, de 8 a 12 pontos percentuais. Mas chega quase junto com Tarcísio, obtendo 45% dos votos contra 41% do governador de SP. Com Ratinho Júnior, governador do PR, a diferença a favor de Lula é de 5 pontos.
O Datafolha revela o que já estamos cansados de saber: os campos estão divididos praticamente pela metade e é provável que tenhamos mais uma vez uma eleição vencida no detalhe. Muda um pouco aqui, outro pouco acolá, conforme as candidaturas sejam definitivamente postas, mas a parcela mais expressiva do eleitorado se moverá pela rejeição, o anti Lula, o anti-Bolsonaro. O que predomina é a polarização que nos paralisa e apequena.
Um dado a ser melhor investigado na pesquisa, uma novidade é a preferência do eleitorado, se Lula não for candidato. Neste quesito aparece com força um nome até aqui não mencionado – Geraldo Alckmin, o atual vice-presidente. Haddad, com Lula fora, é o nome mais forte, mas com apenas dois pontos percentuais a mais do Alckmin.
O vice, se ganhar ímpeto, logo, logo vai ser alvo do fogo amigo. Mas é bom que o seu nome tenha entrado no jogo. Há uma parcela do eleitorado que gostaria – como eu – de ver alguém de fala manso, que não procura encrenca, que faz da moderação um estilo. Como disse Elio Gaspari esta semana a respeito de Alckmin : serenidade é virtude.
Como outros analistas, gostaria de ver na lista de candidatos a presidente, nomes como Ciro Gomes(em quem eu não votaria) e Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, em quem votaria. São nomes equidistantes na atual polarização, que, na minha opinião, faz muito mal ao país.
(titoguarniere@terra.com.br)
No Ar: Pampa Na Madrugada