Sábado, 13 de Dezembro de 2025

Home Mundo Petroleiro venezuelano apreendido pelos Estados Unidos levaria combustível para Cuba

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O petroleiro apreendido pelos Estados Unidos na costa da Venezuela esta semana fazia parte do esforço do governo venezuelano para apoiar Cuba, de acordo com documentos obtidos pelo jornal The New York Times e pessoas ligadas à indústria petrolífera venezuelana.

O navio-tanque, chamado Skipper, partiu da Venezuela em 4 de dezembro, transportando quase dois milhões de barris de petróleo bruto pesado do País, segundo dados internos da estatal petrolífera venezuelana, a PDVSA. O destino da embarcação era o porto cubano de Matanzas.

Vídeo publicado nas redes sociais pela procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, mostra momento em que integrantes da Guarda Costeira apreendem navio petroleiro na costa da Venezuela.

Dois dias após sua partida, o Skipper descarregou uma pequena fração de seu petróleo, cerca de 50.000 barris, para outro navio, chamado Neptune 6, que então seguiu para o norte em direção a Cuba, de acordo com a empresa de dados marítimos Kpler. Após a transferência, o Skipper rumou para o leste, em direção à Ásia, com a grande maioria de seu petróleo a bordo, segundo um funcionário americano informado sobre o assunto.

O presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, e seu antecessor, Hugo Chávez, enviaram petróleo para Cuba durante décadas a preços altamente subsidiados, fornecendo um recurso crucial a baixo custo para a ilha de Fidel Castro.

Em contrapartida, o governo cubano, ao longo dos anos, enviou dezenas de milhares de médicos, instrutores esportivos e, cada vez mais, profissionais de segurança para missões na Venezuela. Essa troca assumiu especial importância, visto que Maduro tem se apoiado em guarda-costas e agentes de contraespionagem cubanos para se proteger do aumento da presença militar dos EUA no Caribe.

Nos últimos anos, porém, apenas uma fração do petróleo venezuelano destinado a Cuba chegou de fato à ilha, de acordo com documentos da PDVSA e dados de rastreamento de navios-tanque.

A maior parte do petróleo destinado a Cuba foi revendida para a China, e o dinheiro obtido forneceu ao governo cubano as divisas tão necessárias, segundo diversas pessoas próximas ao governo venezuelano.

Acredita-se que parte desse dinheiro tenha sido usado por autoridades cubanas para comprar bens básicos, embora a economia do país dificulte estimar para onde esse dinheiro vai, como é gasto ou quanto vai para intermediários comerciais com ligações com ambos os governos.

Na sexta-feira (12), autoridades cubanas condenaram a apreensão do petroleiro pelos Estados Unidos, classificando-a em um comunicado como um “ato de pirataria e terrorismo marítimo” que prejudica Cuba e seu povo.

“Essa ação faz parte da escalada dos EUA destinada a dificultar o direito legítimo da Venezuela de usar e comercializar livremente seus recursos naturais com outras nações, incluindo o fornecimento de petróleo para Cuba”, diz o comunicado.

De acordo com dados da PDVSA e pessoas próximas ao governo da Venezuela. A principal pessoa responsável pela gestão do fluxo de petróleo entre Cuba e Venezuela é um empresário panamenho chamado Ramón Carretero, que nos últimos anos se tornou um dos maiores negociadores de petróleo venezuelano.

O Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções ao empresário Carretero na quinta-feira, 11, por “facilitar o envio de produtos petrolíferos em nome do governo venezuelano”.

O navio-tanque apreendido, Skipper, transportava petróleo negociado em conjunto pela Cubametales, empresa estatal cubana de comercialização de petróleo, e por uma empresa de comercialização de petróleo ligada ao empresário, segundo documentos da PDVSA. No geral, as empresas de comercialização do empresário foram responsáveis ​​por um quarto do petróleo alocado pela PDVSA para exportação este ano.

A Cubametales obteve contratos para comprar cerca de 65.000 barris de petróleo venezuelano por dia este ano, um aumento de 29% em relação a 2024 e sete vezes maior do que em 2023, segundo documentos da PDVSA.

O Departamento do Tesouro dos EUA impôs sanções à Cubametales, em 2019, pela compra de petróleo venezuelano, uma medida que fez parte do impasse anterior entre Donald Trump e Nicolás Maduro durante o primeiro mandato do republicano.

O petróleo venezuelano que chega a Cuba gera eletricidade e fornece combustível para aviões e máquinas. Mas não é suficiente para evitar os apagões generalizados que têm assolado a ilha em meio a uma crise econômica mais ampla.

A Cubametales, empresa estatal, listou Cuba como destino do navio, sugerindo que todos os 1,1 milhão de barris alocados à empresa estavam a caminho da ilha.

No entanto, o petroleiro acabou seguindo para a China depois de descarregar apenas uma pequena fração do petróleo no Neptune 6 e enviá-lo para Cuba, de acordo com uma pessoa próxima à PDVSA.

 

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