Quarta-feira, 22 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 22 de outubro de 2025
A Polícia Civil deflagrou nesta quarta-feira (22) a Operação Mímesis, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos (DPRCPE/Dercc), com o objetivo de desarticular uma organização criminosa interestadual especializada em estelionato eletrônico, associação criminosa e lavagem de dinheiro por meio do golpe do falso leilão.
Ao todo, foram cumpridos oito mandados de prisão preventiva, 30 de busca e apreensão, 12 medidas cautelares diversas da prisão, além de 32 bloqueios de valores e quatro sequestros de veículos em diversos estados, entre eles São Paulo, Goiás, Amazonas, Santa Catarina e Pará.
Até o momento, seis pessoas foram presas, incluindo o líder do grupo, detido em São Paulo. Também foram apreendidos veículos, celulares, notebooks, documentos e outros itens que auxiliarão no avanço das investigações. Cerca de 150 policiais civis participaram da ação conjunta entre os Estados envolvidos.
Modus operandi
A investigação começou após o registro de diversas ocorrências de vítimas que, ao arrematarem veículos e bens em supostos sites de leilões, realizaram pagamentos via Pix para contas controladas pelos criminosos, mas nunca receberam os produtos. Somente no Rio Grande do Sul, entre janeiro e agosto de 2025, foram identificadas 48 ocorrências relacionadas ao mesmo grupo, com prejuízos superiores a R$ 700 mil.
O grupo criava páginas falsas na internet que imitavam sites de leiloeiros reconhecidos, atraindo vítimas por meio de anúncios impulsionados em redes sociais. Quebras de sigilo telemático revelaram vídeos dos criminosos promovendo os anúncios fraudulentos.
Para ocultar a origem dos valores, o grupo utilizava uma rede de contas de passagem em nome de “laranjas” e empresas de fachada, além de ferramentas digitais de anonimização. A partir de diligências com uso de recursos de investigação cibernética e análise financeira, a polícia conseguiu mapear toda a estrutura da organização.
O grupo era liderado por um homem de 32 anos, localizado em São Paulo, responsável pela criação dos sites falsos e pelo gerenciamento financeiro. Ele contava com o auxílio direto de sua companheira, de 29 anos, que centralizava parte das transações e movimentou cerca de R$ 2,3 milhões em cinco meses, valor usado para sustentar um padrão de vida incompatível com a renda declarada.
A investigação identificou três núcleos principais:
• Núcleo de Lavagem Empresarial: administrava empresas beneficiárias diretas dos valores desviados e controlava ao menos sete companhias de fachada, que movimentaram cerca de R$ 6,5 milhões;
• Núcleo Técnico: responsável pela infraestrutura digital, hospedagem e suporte dos sites fraudulentos;
• Núcleo Financeiro: formado por operadores e “laranjas”, responsáveis pela pulverização dos valores por meio de depósitos fracionados e contatos diretos com as vítimas.
Entre os investigados que não tiveram prisão decretada, foram impostas 12 medidas cautelares, como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato com outros investigados e comparecimento mensal em juízo.
Além disso, foram executadas 32 ordens de bloqueio de contas, no valor de até R$ 800 mil cada, e o sequestro de quatro veículos, incluindo um de luxo.