Home Literatura Polícia Federal recupera na Argentina livro roubado no Pará

A Interpol recuperou um livro raro furtado do Museu Emilio Goeldi, uma instituição federal referência em pesquisa sobre a Amazônia, que fica em Belém. “Reise in Chile, Peru und auf dem Amazonstrome” (em português, “Viagem no Chile, Peru e no Rio Amazonas”) havia sumido entre 2007 e 2008 e foi repatriado, após ser localizado foi localizado e apreendido pela aduana argentina. A publicação constava na lista da Interpol, apresentada pela Polícia Federal, na relação de bens culturais roubados.

O livro já foi repatriado e retornará ao museu, que é vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia. A obra foi escrita pelo naturalista e botânico alemão Eduard Friedrich Poeppig e publicada em 1836. Seu conteúdo traz relatos de viagem ao Chile, Peru e Amazônia durante os anos 1827 a 1832. Traz o relato da viagem de Poeppig entre 1827 e 1832 por esse trecho da América do Sul, em que faz descrições abrangentes da geografia, flora, fauna e culturas locais.

Expedição

Nascido na cidade de Plauen, na Saxônia, Poeppig foi enviado pela universidade de Leipzig, onde se formou em Medicina, para uma missão botânica nas Américas. Viveu em Cuba e em Pensilvânia, nos Estados Unidos, antes de viajar a Valparaíso, Chile, onde iniciou sua maior aventura, que resultou no livro que a Polícia Federal recuperou.

Ao fim dela, Poeppig retornou à Alemanha com uma coleção de objetos etnográficos, diversos animais taxidermizados e mais de 17 mil espécimes de plantas secas. Os achados botânicos foram descritos em três volumes, em outra obra. Nela foram descritos pela primeira vez mais de 400 espécies de plantas até então desconhecidas pela ciência. Graças a essas descrições minuciosas, um gênero de plantas recebeu seu nome – o Poeppigia, da família das leguminosas. Diversas espécies animais também foram batizadas em sua homenagem, como o macacobarrigudo-de-Poeppigii (Lagothrix poeppigii), a cobra Atractus poeppigi e o sapo, Rhinella poeppigii.

Segundo a PF, a obra é uma “fonte valiosa para entender a história, biodiversidade e culturas da América do Sul no século XIX”. O órgão não informou se alguém foi preso e se a recuperação do livro já foi comunicada à Justiça, para que a devolução ao Museu Emílio Goeldi ocorra.

O colecionador e editor Pedro Côrrea de Lago informou que o livro teve tiragem de cerca de 300 a 500 exemplares, comum aos livros do século 19. “É um livro que no mercado custa entre 300 e 600 dólares”, disse. Também há reedições, disponíveis a partir de 10 dólares na internet.