Sexta-feira, 28 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 28 de novembro de 2025
A Corregedoria da Polícia Militar prendeu nesta sexta-feira (28) cinco policiais do Batalhão de Choque por crimes cometidos durante a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão em 28 de outubro. Uma das acusações apuradas pela Corregedoria, a partir das análises das câmeras corporais, é o furto de um fuzil durante a ação. A arma seria revendida a criminosos. Fuzis de sete tipos diferentes foram apreendidos na operação.
Ao todo, 10 militares do Choque são investigados. Os cinco que não foram presos sofreram buscas.
Os presos com mandados de prisão na operação foram identificados como:
– O subtenente Marcelo Luiz do Amaral
– E os sargentos Eduardo Oliveira Coutinho e Diogo da Silva Souza.
Outros 2 PMs também foram detidos na operação, mas seus nomes não estavam entre os mandados. Em nota, a defesa de Diogo da Silva Souza, representado pelo advogado Marcos Espínola, disse que vê a prisão como desnecessária e que os réus agiram em legítima defesa. Câmeras flagraram o sargento Diogo, após um confronto, encontrando um fuzil no chão e iniciando a desmontagem da arma, que depois foi colocada na mochila do policial.
A câmera corporal mostrou o sargento Eduardo Coutinho mexendo em um veículo Fiat Toro no interior da comunidade. As investigações estão sob responsabilidade da 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM).
A megaoperação, que mobilizou agentes das polícias Civil e Militar, terminou com 122 mortos: 5 eram policiais, e 117, segundo o governo do Estado, criminosos.
Em nota, a PM diz que não compactua com desvios de conduta, e que todos os mandados de prisão foram cumpridos.
O que dizem os citados:
Polícia Militar:
A Polícia Militar disse que as prisões foram feitas a partir da análise de imagens das câmeras corporais dos agentes.
“A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que a Corregedoria-Geral da Corporação iniciou, nesta sexta-feira (28/11), uma operação decorrente de investigações realizadas a partir da análise das imagens das Câmeras Operacionais Portáteis utilizadas pelos policiais militares no dia 28/10.
Na ação, estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão e dez mandados de busca e apreensão. Ao todo, dez policiais militares do Batalhão de Polícia de Choque são alvos da operação. As investigações estão sob responsabilidade da 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), que identificou indícios de cometimento de crimes militares no decorrer do serviço.
O comando da corporação reitera que não compactua com possíveis desvios de conduta ou cometimento de crimes praticados por seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos.”
Defesa dos réus:
A defesa de Diogo da Silva Souza disse que não teve acesso ao processo.
“O advogado Marcos Espínola, que assumiu a defesa dos policiais militares presos na manhã desta sexta-feira, acusados de crimes cometidos durante a megaoperação nos Complexos da Penha e do Alemão, no último dia 28 de outubro, entende, num primeiro momento, que a prisão fere o Estado Democrático de Direito e as garantias constitucionais dos seus clientes.
De acordo com o advogado, a decretação da prisão não tem fundamento jurídico, pois é preciso inicialmente uma perícia das tais imagens. “Os réus são primários, têm residência fixa, são funcionários público e com bons antecedentes. No momento da ação estavam prestando relevantes serviços à sociedade, buscando resgatar a ordem pública e a pacificação daquelas comunidades. Em princípio vejo a prisão como desnecessária”, afirma Marcos Espínola.
Segundo ele, é discrepante tratar um policial militar que estava no exercício de sua profissão, agindo, naquele momento, em legítima defesa e em prol da sociedade, como criminoso. “Estamos falando de um confronto armado entre policiais e traficantes, ou seja, um momento de muita tensão. Precisamos, através de laudo pericial identificar o que efetivamente pode ter ocorrido”, completa o advogado, ressaltando que ainda não teve acesso aos autos completos e no momento oportuno terá mais subsídios para se posicionar e decidir pelas medidas cabíveis.
Para Espínola, várias perguntas precisam ser feitas. Seus clientes precisam ser ouvidos e todo o contexto deve ser avaliado. “Primeiro de tudo a perícia é fundamental. Depois ouvi-los para aí sim caminhar com o processo. Prender neste momento por que? Pra que?”, questiona o advogado, repetindo que não teve acesso aos autos.”