Sexta-feira, 08 de Agosto de 2025

Home Variedades Por que muitos casamentos acabam sem que o amor termine? Especialista explica

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O número de divórcios extrajudiciais no Brasil cresceu 68% entre 2010 e 2021, segundo dados do IBGE. Embora o aumento chame atenção, há uma realidade menos visível, mas igualmente preocupante, por trás das estatísticas: muitos casais continuam juntos não por afeto, mas por acomodação, receio ou dependência emocional e financeira. Nesses casos, o que está ausente não é o amor propriamente dito, mas a conexão genuína, o interesse mútuo e o cuidado cotidiano.

“A maioria dos relacionamentos não termina com uma briga ou uma traição, mas com o silêncio. O silêncio de quem deixou de olhar nos olhos, de quem já não pergunta como o outro está, de quem parou de se importar”, afirma a terapeuta familiar Aline Cantarelli, com 15 anos de atuação clínica no atendimento a casais e famílias.

Segundo ela, o desgaste emocional costuma ser confundido com o fim do amor, mas raramente é isso que está em jogo. A seguir, Cantarelli desmonta seis mitos comuns que escuta com frequência no consultório, crenças que distorcem a percepção sobre o verdadeiro motivo por trás do esgotamento conjugal.

1) O amor acaba de uma hora para outra

Muitos casais permanecem juntos no papel e nas redes sociais: moram sob o mesmo teto, compartilham eventos sociais, sorriem para fotos e mantêm uma rotina aparentemente tranquila. No entanto, por dentro, vivem desconectados, como se ocupassem andares diferentes do mesmo prédio emocional. Nesses casos, o amor pode até resistir, mas o cuidado foi sendo abandonado aos poucos.

O que leva ao fim do vínculo raramente é um rompimento abrupto, mas sim a negligência afetiva crônica. O problema não é o casamento em si, mas duas pessoas que, ao longo do tempo, deixaram de se enxergar verdadeiramente.

2) Quando o amor acaba, o divórcio é a única saída

Muitos casais chegam à terapia dizendo que “não se amam mais”. Mas, ao aprofundar a conversa, o que emerge é a ausência de momentos de qualidade, gestos de afeto e escuta ativa. Em vez de amor, o que falta é convivência significativa.

Há quem ache que precisa de um novo relacionamento para se sentir vivo novamente, quando, na verdade, precisa de uma nova versão de si mesmo dentro da relação. Assumir esse compromisso interno, no entanto, costuma ser mais desafiador do que simplesmente encerrar o casamento.

3) Amor-próprio justifica o fim de qualquer relação difícil

O discurso do amor-próprio se tornou frequente nas redes sociais e, de fato, é essencial para a saúde emocional. No entanto, ele pode ser distorcido quando usado como justificativa para abandonar vínculos que ainda podem ser resgatados, desde que haja esforço e disposição de ambas as partes.

Relacionamentos saudáveis exigem investimento emocional, diálogo e empatia. Amar não é um sentimento constante, mas uma decisão diária, que demanda comprometimento mesmo diante das dificuldades.

4) O vínculo se perde naturalmente com o tempo

É comum ouvir que o tempo “desgastou” a relação. Mas, na prática, o que se perdeu foi a manutenção ativa do vínculo: as conversas sem distrações, as refeições feitas juntos, os pequenos rituais de conexão. Fatores aparentemente inofensivos, como o uso excessivo do celular ou a rotina corrida, vão corroendo, pouco a pouco, a intimidade do casal.

Esse afastamento não acontece de forma abrupta. É um processo gradual, alimentado pela ausência de presença real e de pequenos gestos de cuidado.

5) Sem desejo, não há mais amor

A queda do desejo sexual costuma ser interpretada como um sinal de que o amor chegou ao fim. No entanto, desejo é algo que precisa ser cultivado. Quando negligenciado, ele não desaparece, apenas adormece.

A rotina, o cansaço e a falta de estímulos emocionais e físicos podem interferir diretamente na libido. Isso não significa que o sentimento acabou, mas que o corpo e a mente deixaram de ser nutridos com intimidade, leveza e curiosidade.

6) Se só um mudar, nada muda

Existe uma crença de que, para transformar um relacionamento, ambos precisam mudar ao mesmo tempo. Embora o ideal seja a participação mútua, a mudança de um parceiro pode, sim, gerar um impacto significativo na dinâmica do casal.

“Relacionamentos são sistemas interativos. Se um dos elementos se transforma, o sistema como um todo se reorganiza”, explica a terapeuta. Pequenas atitudes, como voltar a escutar com atenção, elogiar mais ou retomar hábitos de afeto, têm o potencial de inspirar o outro e reativar o ciclo de conexão emocional.

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