Sábado, 15 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 15 de novembro de 2025
Republicanos e democratas alternam o poder nos Estados Unidos há muito tempo, tendo diferenças ideológicas, administrativas, geopolíticas e filosóficas, contudo há um ponto em comum que nunca muda, a saber: o aumento da dívida pública da maior economia do planeta. Nos últimos 60 anos foram 6 presidentes republicanos e 4 democratas e o saldo negativo das contas saiu de 36% do PIB (Produto Interno Bruto) para quase 120% no final deste ano. Apenas no governo de Bill Clinton (1993 a 1999) houve a queda deste percentual. As administrações democratas de Barak Obama (2009 a 2016) e Joe Biden (2021 a 2024) aceleraram muito o endividamento e Donald Trump (2017 a 2020) também não tirou o pé do acelerador.
A atual administração mantém a nefasta regra e não consegue equilibrar a delicada equação receita/despesa. A paralisação de alguns órgãos do governo federal que já dura mais de 40 dias (outro recorde histórico) tem sua origem nesta dívida que força o governo a pedir autorização ao Congresso para aumentar o déficit a cada ano. O fato gerador é o mesmo a cada ano, só muda o tempo e a negociação política para conseguir a aprovação para o “buraco” ficar maior. A dívida pública dos Estados Unidos atingiu estratosféricos US$ 38 trilhões de dólares e o PIB é de US$ 29 trilhões de dólares. Não temos a pretensão de realizar análise extremamente técnica sobre o assunto, mesmo porque há divergências enormes entre os especialistas, todavia a realidade é que fica cada vez mais difícil o mercado mundial aceitar que esta dívida é administrável e não traz riscos para os investidores. Aproximadamente 30% deste valor tem como credores países como a China, Japão e Reino Unido e o assunto não fica mais dramático porque o dólar ainda é a moeda mundial nas negociações e a economia americana é a mais confiável, mesmo porque só ela pode emitir e controlar a moeda. Isto explica a indignação do Governo estadunidense quando alguém sugere a criação ou implantação de nova moeda para o comércio mundial.
A China não quer que isto aconteça com sua moeda porque provocaria valorização e deixaria seus produtos destinados à exportação mais caros e consequentemente abrindo mercado para competidores externos. A pergunta que não se cala é: Até quando esta dívida é suportável? Muitos questionam a utilização do dinheiro público para excessivos gastos com o orçamento militar, planos assistenciais para imigrantes, e auxílio ao sistema de saúde, que mesmo com os consecutivos aumentos na arrecadação a conta não se equilibra. Donald Trump apontou o déficit comercial com os outros países como a principal causa e as novas tarifas impostas como solução do problema a curto prazo. Pode até ser que um dos principais motivos seja este, mas a solução é bem mais complexa e não acontecerá a curto prazo.
Apesar do custeio da dívida não ser tão desastroso por estar vinculado ao dólar e os Estados Unidos terem o amplo controle da emissão da moeda, se tem uma coisa que investidores odeiam é risco descontrolado. Hoje não há alternativa confiável para uma possível troca mas como nada é eterno e o mercado é extremamente dinâmico, o governo estadunidense deve fazer a lição de casa e voltar a passar confiança. O remédio é amargo e duro de engolir para qualquer governante que certamente terá sua popularidade abalada, ou seja, cortar despesas e aumentar impostos é o único caminho. Isto aplica-se para a maior economia do mundo e para as nossas contas pessoais. Ninguém revoga esta equação e, quem se dispõe a não respeitá-la mais cedo ou mais tarde arcará com as consequências.
Ter dívida não e de todo ruim, todos países as tem, a diferença é o controle e planejamento estratégico para a administração. A renomada Agência de Avaliação de Risco Moody’s rebaixou a nota dos Estados Unidos da nota máxima de “Aaa” para “Aa1”, a segunda mais alta em 21 possíveis, salientando que nenhuma nação tem a mais alta, ou seja, ninguém na classe de aula tirou nota maior que os Estados Unidos. Taxa de juros e desequilíbrio das contas foram apontados como os principais responsáveis. O mais impressionante é a velocidade que este déficit aumenta, com projeção de 9% só para este ano de 2025, isto quer dizer que mais títulos serão emitidos para custear a dívida. O sinal de alerta foi ligado.

(Dennis Munhoz é jornalista e advogado, foi Presidente da TV Record e Superintendente da Rede TV, atualmente atua como correspondente internacional, Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa, apresentador e jornalista da Rede Mundial e Rede Pampa nos Estados Unidos. Instagram: @munhozdennis)