Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 22 de dezembro de 2025
Este ano começou com o preço do café nas alturas no Brasil. Em fevereiro, o produto teve a maior inflação acumulada em 12 meses desde a introdução do real. O preço motivou até mesmo a venda de um café fake – produto que não é feito do grão puro, contendo ingredientes proibidos, como cascas, palha, milho, cevada e outros resíduos da lavoura.
Para 2026, no entanto, a tendência é de queda dos valores, mas isso não significa que ficará barato. Apesar de o clima ajudar a safra atual, os últimos anos foram marcados por colheitas ruins, causadas pelo calor e pela seca. Com isso, os cafezais ainda não se recuperaram o suficiente para atender toda a demanda, afirmou o pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), Renato Garcia Ribeiro.
Por isso, a queda dos preços deve ser pequena, como já vem acontecendo. Em agosto, o café registrou um declínio de 0,23%, o primeiro desde dezembro de 2023.
As perspectivas climáticas para a segunda quinzena de dezembro e o início de 2026 são positivas: as lavouras estão na fase de florada, e a previsão é de chuva, condição ideal para essa etapa da produção.
Se o volume de chuvas for adequado no primeiro trimestre do ano que vem, os grãos devem se desenvolver bem. Isso pode aumentar a produção brasileira de café arábica e ajudar a recompor os estoques globais. Até lá, porém, a oferta seguirá limitada.
O café arábica é a variedade mais produzida no Brasil, que aguenta temperaturas entre 18°C e 22°C. Ele é mais popular, por ser considerado mais saboroso.
Apesar das perspectivas melhores, 2025 também trouxe desafios aos produtores. No Cerrado Mineiro, houve geadas e atraso no início das chuvas.
Não é possível confiar totalmente no clima. Após boas chuvas no fim de 2024, fevereiro e março deste ano tiveram 45 dias de calor e seca, o que prejudicou o fim da safra.
O café é um cultivo bienal. Isso significa que, após um ano de colheita, a produção do ano seguinte costuma ser menor porque as plantas precisam se recuperar. Em 2026, muitos galhos ainda estarão em desenvolvimento e só ficarão prontos no verão.
A demanda por café está maior, enquanto os estoques seguem baixos no Brasil. Para a safra 2026/2027, o Itaú BBA prevê que a produção mundial supere o consumo em 7 milhões de sacas. Antes disso, a disponibilidade de arábicas seguirá apertada, e as exportações possivelmente limitadas.
Isso acontece porque a colheita começa em abril, e o café só chega pronto ao mercado a partir de setembro.
Com isso, os estoques devem continuar pressionados. Pesam a demanda interna e o aumento das compras dos Estados Unidos, após o fim da tarifa de 50% sobre o café brasileiro, imposta por Donald Trump.
Em meio à seca e às altas temperaturas, produtores passaram a investir mais no café robusta. Apesar de menos popular, ele é mais resistente que o arábica. Esses investimentos já refletem nas margens dos produtores, mas vão demorar para aparecer aos consumidores. Isso porque uma lavoura de café leva dois anos para começar a dar frutos, conforme o Itaú BBA.
Mesmo assim, já é mais comum o uso de maior proporção de robusta nos cafés que misturam os dois grãos, os chamados blends, o que ajudou a aliviar um pouco do preço para o consumidor.