Sexta-feira, 19 de Abril de 2024

Home Dad Squarisi Preço do café

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Quem aguenta? Nosso rico cafezinho dá um susto atrás do outro. Há 11 meses, pôr o pretinho na xícara exige mais e mais notas da nossa desvalorizada moeda. Mas a dor não se restringe ao bolso. Afeta também os ouvidos. Repórteres de tevês abertas e fechadas, de rádios AM e FM, de jornalões e jornalinhos anunciam que “o preço do café está mais caro”. Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! É otite na certa.

Preço caro? Nem pensar. É redundância. Caro e barato encerram a ideia de preço. Produtos e serviços são caros ou baratos. Preço é alto, baixo, elevado. A moçada mereceria banda de música e tapete vermelho se desse a informação assim: “O preço do café está mais alto”. Também poderia ser: “O café está mais caro”.

“Último adeus”

O cineasta e jornalista Arnaldo Jabor nos deixou. Aos 81 anos, voltou pra casa. Admiradores, parentes e amigos se despediram do corpo no Museu de Arte Moderna. Muitos falaram em “último adeus”. Alguns se perguntaram se a duplinha era pleonasmo.

Há despedidas e despedidas. Nas mais curtas, dizemos “tchau”, “até já”, “até logo”, “até logo mais”. Nas médias, “até à vista”. Nas compridonas, “adeus”. Durante a vida, podemos dar vários adeuses à mesma pessoa. Na morte, damos o último. Não é pleonasmo.

Com ou sem crase?

Bolsonaro foi à Rússia? Ou Bolsonaro foi a Rússia? Ocorre crase ou não? A resposta está com o artigo. Cidades, Estados e países são cheios de caprichos. Ora dão vez ao grampinho. Ora não. No aperto, a gente chuta. O resultado é um só: a “Lei de Murphy”, gloriosa, pede passagem. O que pode dar errado dá.

Versinho

Como safar-se? Há saídas. Uma delas: seguir o conselho dos políticos. “Para vencer o diabo”, dizem eles, “convoque todos os demônios.” Um demoniozinho se chama “troca-troca”. Construa a frase com o verbo voltar. Depois, substitua o “ir” pelo indiscreto “voltar”. Por fim, lembre-se da quadrinha:

“Se, ao voltar, volto da,

crase no a.

Se, ao voltar, volto de,

crase pra quê?”

Viu? O “da” (casamento da preposição “de” com o artigo) denuncia a presença do “a”. Vamos ao tira-teima:

“Bolsonaro voltou da Rússia”.

Se, ao voltar, volto “da”, crase no “a”. O artigo dá a vez ao acento.

Resposta: “Bolsonaro foi à Rússia”.

*

“O presidente foi a Petrópolis”.

“O presidente voltou de Petrópolis”.

Se, ao voltar, volto “de”, crase pra quê? Xô! A regra não tem exceção.

A diferença

Os organizadores suspenderam a temporada de cruzeiros até 4 de março. O prejuízo é de R$ 350 milhões – “número vultuoso”, segundo a CNN. Bobeou. “Vultuoso”, com “u”, significa atacado de vultuosidade (congestão facial). O comentarista quis dizer “vultoso” (alto, elevado). Moral da história: parecido não é igual.

Por falar em parecido…

Muita gente pensa que o verbo “enfezar” tem a ver com fezes presas, a conhecida prisão-de-ventre. Razão: a pessoa que não consegue fazer cocô fica irritadiça, chata, enjoada, enfezada. Mas, entre os mitos da etimologia e a etimologia real, há uma senhora diferença. O verbo vem do latim “infensare” – ser raivoso, ser hostil. Nada a ver com fezes.

Eu quero

O mundo político está em polvorosa. Pululam candidatos à Presidência da República, ao Senado e governos estaduais. São muitos pretendentes, poucas as vagas. Os que se lançam se denominam pré-candidatos. Além do resultado da aventura, pinta uma dúvida: quando usar hífen com o prefixo “pré”? A regra é pouco clara. Compare:

– Usa-se com tracinho: pré-escola, pré-vestibular, pré-estreia.

– Usa-se colado: preaquecer, precogitar, precondição, preexistente.

– A saída? Recorra ao dicionário.

Leitor pergunta

Ficar “de pé” ou ficar “em pé”?

(Célio Dutra, de Recife)

Tanto faz. Uma forma e outra dão uma canseiiiiiiiira. Em ambas, pé fica no singular.

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