Quinta-feira, 26 de Junho de 2025

Home Política Presa pelo 8 de Janeiro é investigada por abuso fiscal, psicológico e sexual contra crianças

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Acusada de participação direta nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, a paulista Marlúcia Ramiro, de 63 anos, também é investigada por suspeita de abuso físico, psicológico e sexual contra duas meninas em Buritizal, no interior de São Paulo. A denúncia partiu da mãe das crianças, que à época tinham 8 e 2 anos, e os crimes teriam ocorrido em 2023, enquanto Marlúcia ainda estava foragida. Ela chegou a ser presa em dezembro daquele ano, e cumpre regime domiciliar desde o último mês de abril, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os abusos aconteceram entre agosto e dezembro, segundo a mãe das crianças. Na época, Marlúcia morava com a família. A mãe das meninas, uma profissional de marketing de 36 anos, não será identificada para preservar a identidade das filhas. A denúncia foi apresentada ao Conselho Tutelar de Buritizal, registrada na Polícia Civil e encaminhada à Justiça. O caso é acompanhado pela 2ª Promotoria de Justiça de Igarapava (MPSP), e Marlúcia nega as acusações.

Ao jornal O Globo, a mãe das crianças contou ter conhecido Marlúcia após as eleições de 2018, quando ambas participavam de manifestações bolsonaristas no estado de São Paulo. Com o tempo, tornaram-se amigas. Anos depois, a mãe das vítimas — que vivia em Sumaré, na Região Metropolitana de Campinas — se mudou para Buritizal, no interior. A mulher afirma ter recebido uma ligação de Marlúcia em agosto de 2023.

“Falou que estava com algumas dificuldades financeiras, que a aposentadoria não tinha dado certo e que precisava ficar um tempo comigo no interior. Ela se ofereceu para cuidar das minhas filhas enquanto eu trabalhava. E foi assim que ela veio para a minha casa. Não achei nada ruim”, relata.

Durante a estadia, a mãe diz ter notado mudanças no comportamento das filhas. A criança de dois anos, diagnosticada com autismo, passou a chorar constantemente, acordava assustada e se recusava a comer. A mais velha, com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), ficou retraída e isolada. A bebê também começou a apresentar hematomas frequentes, registrados inclusive em documentos da creche onde estudava.

Revelação

No fim de 2023, os sinais se agravaram. Duas situações com sobrinhos reforçaram as suspeitas da mãe. Uma prima das crianças relatou ter visto Marlúcia agredir a bebê: À tia, a sobrinha contou que a mulher sacudiu a menina com força e a jogou no chão, deixando-a desnorteada. Questionada, Marlúcia teria dito que era uma “brincadeira”.

Em outro momento, durante um lanche, uma conversa entre as filhas e os sobrinhos levantou um alerta:

“Lembro que um dia meus sobrinhos estavam em casa comendo panetone, já perto do fim do ano. Um deles fez um comentário como: ‘Ah, não vai comer tudo porque senão depois a culpa é da [prima mais velha] e essa mulher não vai deixar mais ela comer’. E eu falei: ‘Como é que é? Quem não vai deixar ela comer?’. Eles ficaram olhando um para a cara do outro, desconversaram e saíram”, relata a mãe.

No dia seguinte, ela decidiu conversar com a filha mais velha:

“Esperei a Marlúcia sair, porque ela tinha arrumado um serviço com uma moça que faz bolos na cidade. Falei com a minha filha mais velha: ‘Vamos conversar. O que está acontecendo?’. Ela começou a chorar e percebi que ela tremia o queixo, com medo. E aí falou: ‘Mãe, promete que não vai contar para ninguém que fui eu que falei?’”, lembra.

A criança então revelou uma rotina de maus-tratos, que aconteciam durante todo o dia, sempre enquanto a mãe estava em horário de trabalho — abandono, restrição de alimentos, agressões físicas e psicológicas faziam parte do cotidiano, segundo a criança.

De acordo com o relato, Marlúcia tinha o hábito de trancar a menina fora de casa, exposta ao sol, sob o pretexto de fazer limpeza no imóvel:

Apesar da casa estar abastecida, os alimentos não eram oferecidos às crianças. Segundo a mãe, uma professora da filha mais velha teria afirmado que a menina chegava às aulas com fome e pedia para merendar assim que entrava na escola.

“Eu reparava que fazia despensa e muita coisa ia para o lixo. Eu perguntava para ela se as crianças não estavam comendo, e ela dizia que as meninas ‘não gostavam’ [de comer]. Mas minha filha me contou que, na verdade, era ela quem não deixava. Dizia: ‘Já passou da hora de tomar café, agora não vai comer nada’”, por exemplo.

As agressões verbais também eram constantes. A filha mais velha, diagnosticada com TDAH, era alvo de xingamentos e comparações cruéis, segundo a mãe.

A bebê, com autismo, era agredida:

“Ela afogava a bebê na banheira, batia com chinelo. Tudo isso minha filha mais velha conta ter visto”, lamenta.

Após os relatos, a mãe decidiu expulsar Marlúcia da casa. Antes de acionar o Conselho Tutelar, telefonou para a filha da investigada, que a alertou sobre o mandado de prisão relacionado ao 8 de janeiro e revelou que a mãe estava foragida. (Com informações do jornal O Globo)

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