Home Flávio Pereira Presidente da Assembleia Legislativa, Pepe Vargas: “Teremos crescimento econômico em 2026. E, se o Banco Central ajudar, será melhor ainda”

Para o presidente da Assembleia Legislativa gaúcha, deputado Pepe Vargas (PT), a aprovação do projeto que autoriza o governo do Estado a aderir ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados, o Propag, foi a principal matéria votada e aprovada pelo Legislativo em 2025. Com uma sólida trajetória política, Pepe Vargas já ocupou três ministérios (Direitos Humanos, Relações Institucionais e Desenvolvimento Agrário) e foi eleito duas vezes prefeito de Caxias do Sul. O deputado projeta que, em 2026, ano que será marcado pelo processo eleitoral, haverá um cenário econômico positivo, que poderá ser ainda melhor caso o Banco Central reveja a taxa de juros de 15%. O presidente do Legislativo gaúcho, que deverá transmitir, no final de janeiro de 2026, o cargo ao deputado Sérgio Peres, do partido Republicanos, fez uma avaliação dos cenários político e econômico para o jornalista Flávio Pereira.

Processo legislativo com saldo positivo

Pepe Vargas destacou, no plano do processo legislativo propriamente dito, a votação de 169 proposições, praticamente metade delas de origem do próprio Legislativo e a outra metade dos outros poderes, com maior intensidade, obviamente, do Poder Executivo. Foram 69 projetos encaminhados pelo governo do Estado. Porém, um projeto ganhou destaque, segundo o presidente da Assembleia Legislativa:

“Eu destacaria como a principal matéria votada no ano de 2025 e aprovada pela Assembleia a autorização para o governo do Estado aderir ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados, o Propag, na medida em que, como todos bem sabem, o Estado tem uma dívida grande para com a União, fruto de um contrato assinado lá na década de 90.”

Pepe Vargas identifica no Propag, que passa a vigorar a partir de 2027, quando o Estado volta a pagar as dívidas com a União, pontos positivos: “Essa nova proposta que o governo do presidente Lula apresentou permite que o Estado pare de pagar juros ao governo federal, e o contrato passa a ser atualizado somente pela correção monetária. E os juros, metade dos juros que a gente pagaria, poderíamos reinvestir aqui no Estado em educação e infraestrutura. A outra metade dos juros será depositada em um fundo de todos os estados que devem para a União, que depois é redistribuído entre todos, e o próprio Rio Grande do Sul terá esse retorno”.

Apoio à cultura e o Fórum Democrático

A série de eventos comemorativos aos 190 anos da Assembleia Legislativa também foi uma pauta destacada pelo deputado Pepe Vargas, com uma nova conformação do memorial do Legislativo, que deixa de ser apenas um arquivo histórico e passa a ser um espaço multicultural e uma espécie de museu com a história do Legislativo, dentre outras questões.

Mas a joia da coroa, segundo o presidente do Legislativo, foi o Fórum Democrático de Desenvolvimento Regional, que pautou o tema da sustentabilidade, “a necessidade de termos um crescimento com sustentabilidade ambiental e social, um processo que envolveu todas as regiões do Estado”.

Segundo Pepe Vargas, “ficou evidente nesse processo que o Estado do Rio Grande do Sul precisa de um novo ciclo de crescimento econômico com sustentabilidade ambiental, inovação tecnológica e investimentos em infraestrutura e educação para fazer frente a uma situação que a gente vivencia hoje, de crise climática, crise econômica e crise populacional”.

As crises enfrentadas pelo Estado

Pepe Vargas descreve que, “sobre crise climática, eu penso que não há necessidade de fundamentar. Crise econômica é no sentido de que o Rio Grande do Sul, ao longo dos anos — e não falo só deste governo —, tem perdido o dinamismo econômico frente ao cenário nacional. Nós temos apresentado patamares de crescimento econômico abaixo da média nacional e, consequentemente, a nossa participação relativa no PIB nacional tem diminuído, e a gente vem perdendo o dinamismo econômico, inclusive comparativamente com os estados da Região Sul”.

Em relação à crise populacional, com o Rio Grande do Sul registrando saldo migratório negativo e uma baixa taxa de fecundidade, o presidente da Assembleia Legislativa projeta que “isso poderá trazer sérios problemas de produtividade para a economia gaúcha, se não for revertido. Então o Fórum demonstrou todas essas questões e também levantou propostas que, ao longo do próximo período, terão que ser trabalhadas”.

Cenário para 2026

O cenário de 2026, na avaliação do presidente Pepe Vargas, “obviamente será fortemente marcado pelo processo eleitoral de renovação do Congresso Nacional, da Assembleia Legislativa e também dos governos federal e estadual”.

Mas, para além do processo eleitoral, Pepe Vargas projeta que, sob o ponto de vista econômico, “a despeito das previsões pessimistas de muitos analistas, que têm errado seus prognósticos, nós teremos novamente um ano com crescimento econômico”.

Na avaliação de Pepe Vargas, 2026 trará um cenário econômico positivo. Ele justifica com dados, como o crescimento da renda para o trabalhador, “resultado da injeção de dinheiro muito forte com a isenção do imposto de renda até 5 mil reais”, que não iria para a poupança, mas para o consumo.

Juros altos desestimulam investimento privado

O presidente do Legislativo gaúcho comenta que a inflação está sob controle, sem risco de crescimento, e que há um cenário de crescimento econômico. Por essa razão, considera desproporcional a atual taxa de juros aplicada pelo Banco Central:

“Precisaria o Banco Central ajudar um pouco mais. Está na hora da política monetária ajudar a política fiscal, porque o principal gasto do governo hoje é com juros e serviço da dívida, devido a essa absurda taxa de juros de 15% perante uma inflação que está dentro da meta. Esse juro alto desestimula o crédito e, inclusive, desestimula o investimento privado, além de impor um sacrifício maior às contas públicas para pagamento de juros do serviço da dívida pública”, afirma.

• Flavio Pereira (IG: @flaviorrpereira)