Domingo, 26 de Outubro de 2025

Home Brasil Presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta, aposta em pautas de apelo popular para se reposicionar, pois saiu desgastado com aprovação da PEC da Blindagem e perdeu protagonismo para presidente do Senado

Compartilhe esta notícia:

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), intensificou nas últimas semanas os movimentos para reafirmar seu protagonismo político no momento em que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), se consolida como principal interlocutor do Congresso com o Palácio do Planalto.

À frente da Câmara desde fevereiro, Motta tenta se reposicionar após o desgaste provocado pela aprovação da PEC da Blindagem, que criava barreiras para processar parlamentares e foi derrubada no Senado depois de forte reação popular.

À época, o deputado defendeu o texto sob o argumento de “proteger o livre exercício do mandato parlamentar”, mas o desgaste foi inevitável. Em um episódio simbólico, o parlamentar foi vaiado em evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Rio.

Desde então, Motta passou a apostar em pautas de apelo popular e repercussão nas redes como forma de reposicionar a Câmara. Entre as medidas, aprovou a urgência do projeto que proíbe a cobrança de taxas por bagagem de mão em voos, que classificou como “abuso” das companhias aéreas. A proposta, de autoria de Da Vitória (PP-ES), prevê gratuidade para volumes de até dez quilos.

A iniciativa, porém, foi ofuscada pelo Senado, que se antecipou e aprovou um projeto semelhante. Por ter tramitado em caráter terminativo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o texto segue direto para a Câmara. O autor é o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), que alega que a resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deixa brechas para cobranças adicionais.

Motta tenta costurar um acordo para que o texto do Senado seja apensado ao da Câmara — ou seja, tramite de forma conjunta.

Segurança pública

A ofensiva na Câmara também se dá na área da segurança pública, após Motta “limpar a pauta” e abrir espaço para temas de maior aceitação pública. Nos últimos meses, a Casa ficou refém do debate da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro de 2023 e, depois, da reformulação da iniciativa com o PL da Dosimetria — a proposta foi colocada de lado devido a um impasse político.

Em setembro, Motta aprovou a urgência de oito projetos que endurecem penas e criam tipos penais — entre eles o que transforma em crime hediondo a falsificação de bebidas após casos de intoxicação por metanol.

A série de votações foi acompanhada por vídeos nas redes sociais, num gesto lido como tentativa de se aproximar de um eleitorado mais amplo e se distanciar da imagem de político de bastidores.

Governistas e oposicionistas concordam que a fragilidade política tem levado Motta a oscilar entre os lados. Citam votações como a aprovação da urgência da anistia, seguida da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

—Internamente, Hugo promove um ritmo produtivo e alivia tensões. E esses assuntos são as principais demandas da população — avalia o líder do PDT, Mário Heringer (MG).

Enquanto Motta busca visibilidade, Alcolumbre ampliou sua influência sobre o governo. O senador atuou para adiar a votação de vetos ao novo licenciamento ambiental — gesto que evitou uma derrota do governo e reforçou seu papel de fiador político de Lula no Legislativo.

Nas últimas semanas, o senador também participou de reuniões com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o impasse na Lei de Diretrizes do Orçamentárias (LDO) de 2026.

Paralelamente, Alcolumbre comemorou a autorização do Ibama para pesquisas de petróleo na Margem Equatorial, projeto que beneficia o Amapá e reforçou sua imagem de articulador político no Senado.

Para o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, não há atrito entre os presidentes, mas apenas uma diferença de estilo e de trajetória.

— Não existe crise entre os dois. Motta é presidente pela primeira vez e Alcolumbre, pela terceira, além da diferença de idade entre eles. Davi já teve essa experiência de comandar antes — disse.

Fantasma de Lira

Deputados do centro reconhecem que o Senado se tornou o principal eixo de poder e dizem que Motta tenta reagir. A avaliação é que, diante da força de Alcolumbre e do risco de antecipação da eleição da Mesa Diretora, o paraibano busca manter a Câmara coesa e afastar o fantasma da antecipação da volta do ex-presidente Arthur Lira (PP-AL), que ainda influencia os bastidores.

Em seu entorno, há queixas de que ele se deixa influenciar por Lira, pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) e líderes próximos, como Doutor Luizinho (PP-RJ), Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

Ciente dos riscos, Motta tem buscado preservar o diálogo com o Senado e adotar uma linha de menor atrito. A mudança de postura foi bem recebida pelo governo. O líder José Guimarães (PT-CE) elogiou Motta por ter dado aval para a votação de parte do pacote fiscal que mira destravar o Orçamento do ano que vem.

— O presidente Hugo Motta pediu que eu resolvesse isso. Ele tem ajudado a construir as soluções — disse o líder do governo na Câmara. Com informações do portal O Globo.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Home Brasil Presidente da Câmara dos Deputados Hugo Motta, aposta em pautas de apelo popular para se reposicionar, pois saiu desgastado com aprovação da PEC da Blindagem e perdeu protagonismo para presidente do Senado

Compartilhe esta notícia:

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), intensificou nas últimas semanas os movimentos para reafirmar seu protagonismo político no momento em que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), se consolida como principal interlocutor do Congresso com o Palácio do Planalto.

À frente da Câmara desde fevereiro, Motta tenta se reposicionar após o desgaste provocado pela aprovação da PEC da Blindagem, que criava barreiras para processar parlamentares e foi derrubada no Senado depois de forte reação popular.

À época, o deputado defendeu o texto sob o argumento de “proteger o livre exercício do mandato parlamentar”, mas o desgaste foi inevitável. Em um episódio simbólico, o parlamentar foi vaiado em evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Rio.

Desde então, Motta passou a apostar em pautas de apelo popular e repercussão nas redes como forma de reposicionar a Câmara. Entre as medidas, aprovou a urgência do projeto que proíbe a cobrança de taxas por bagagem de mão em voos, que classificou como “abuso” das companhias aéreas. A proposta, de autoria de Da Vitória (PP-ES), prevê gratuidade para volumes de até dez quilos.

A iniciativa, porém, foi ofuscada pelo Senado, que se antecipou e aprovou um projeto semelhante. Por ter tramitado em caráter terminativo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o texto segue direto para a Câmara. O autor é o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), que alega que a resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deixa brechas para cobranças adicionais.

Motta tenta costurar um acordo para que o texto do Senado seja apensado ao da Câmara — ou seja, tramite de forma conjunta.

Segurança pública

A ofensiva na Câmara também se dá na área da segurança pública, após Motta “limpar a pauta” e abrir espaço para temas de maior aceitação pública. Nos últimos meses, a Casa ficou refém do debate da anistia aos envolvidos no 8 de janeiro de 2023 e, depois, da reformulação da iniciativa com o PL da Dosimetria — a proposta foi colocada de lado devido a um impasse político.

Em setembro, Motta aprovou a urgência de oito projetos que endurecem penas e criam tipos penais — entre eles o que transforma em crime hediondo a falsificação de bebidas após casos de intoxicação por metanol.

A série de votações foi acompanhada por vídeos nas redes sociais, num gesto lido como tentativa de se aproximar de um eleitorado mais amplo e se distanciar da imagem de político de bastidores.

Governistas e oposicionistas concordam que a fragilidade política tem levado Motta a oscilar entre os lados. Citam votações como a aprovação da urgência da anistia, seguida da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

—Internamente, Hugo promove um ritmo produtivo e alivia tensões. E esses assuntos são as principais demandas da população — avalia o líder do PDT, Mário Heringer (MG).

Enquanto Motta busca visibilidade, Alcolumbre ampliou sua influência sobre o governo. O senador atuou para adiar a votação de vetos ao novo licenciamento ambiental — gesto que evitou uma derrota do governo e reforçou seu papel de fiador político de Lula no Legislativo.

Nas últimas semanas, o senador também participou de reuniões com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o impasse na Lei de Diretrizes do Orçamentárias (LDO) de 2026.

Paralelamente, Alcolumbre comemorou a autorização do Ibama para pesquisas de petróleo na Margem Equatorial, projeto que beneficia o Amapá e reforçou sua imagem de articulador político no Senado.

Para o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, não há atrito entre os presidentes, mas apenas uma diferença de estilo e de trajetória.

— Não existe crise entre os dois. Motta é presidente pela primeira vez e Alcolumbre, pela terceira, além da diferença de idade entre eles. Davi já teve essa experiência de comandar antes — disse.

Fantasma de Lira

Deputados do centro reconhecem que o Senado se tornou o principal eixo de poder e dizem que Motta tenta reagir. A avaliação é que, diante da força de Alcolumbre e do risco de antecipação da eleição da Mesa Diretora, o paraibano busca manter a Câmara coesa e afastar o fantasma da antecipação da volta do ex-presidente Arthur Lira (PP-AL), que ainda influencia os bastidores.

Em seu entorno, há queixas de que ele se deixa influenciar por Lira, pelo senador Ciro Nogueira (PP-PI) e líderes próximos, como Doutor Luizinho (PP-RJ), Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL).

Ciente dos riscos, Motta tem buscado preservar o diálogo com o Senado e adotar uma linha de menor atrito. A mudança de postura foi bem recebida pelo governo. O líder José Guimarães (PT-CE) elogiou Motta por ter dado aval para a votação de parte do pacote fiscal que mira destravar o Orçamento do ano que vem.

— O presidente Hugo Motta pediu que eu resolvesse isso. Ele tem ajudado a construir as soluções — disse o líder do governo na Câmara. Com informações do portal O Globo.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Reestruturação dos Correios deve fechar agências pelo País
Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta completa 100 dias de silêncio sobre funcionárias fantasmas em seu gabinete
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play
Ocultar
Fechar
Clique no botão acima para ouvir ao vivo
Volume

No Ar: Programa Pampa Saúde