Terça-feira, 30 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 29 de setembro de 2025
Os dados demonstram que o mercado de trabalho brasileiro “nunca antes esteve tão exuberante”, afirmou Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC). “Melhor momento do mercado de trabalho nas últimas três décadas, provavelmente”, declarou Galípolo durante participação no evento Macro Vision, organizado pelo Itaú BBA, nessa segunda-feira (29), em São Paulo.
Segundo ele, o atual cenário do mercado de trabalho pode ser explicado tanto por fatores conjunturais quanto estruturais. Entre os fatores conjunturais, Galípolo citou os estímulos de demanda que vêm contribuindo para a resiliência da atividade econômica e, por consequência, da geração de empregos. Já no campo estrutural, ele destacou o papel das reformas realizadas nos últimos anos, que têm provocado mudanças permanentes na dinâmica econômica.
O presidente do BC também apontou que a “migração de política fiscal para um caráter mais progressivo tende a colocar recursos” na economia. Embora considere desejável que a política fiscal seja menos regressiva, Galípolo reconheceu que isso “tem caráter estimulativo”. No entanto, ele ponderou que “de maneira nenhuma o BC pode usar qualquer coisa deste tipo como muleta ou desculpa”.
“Por onde você olha ainda encontra indícios de uma economia resiliente”, acrescentou, ressaltando que o Banco Central permanece atento aos dados econômicos. “Vamos seguir consumindo esses dados”, afirmou.
Ao ser questionado sobre a recente alteração na comunicação do BC – que retirou a expressão “continuidade da interrupção” em relação ao ciclo de alta dos juros – Galípolo explicou que a autoridade monetária manteve o foco em acompanhar os dados para verificar se a atual taxa de juros está em nível suficiente para conduzir a inflação à meta. “A desancoragem das expectativas nos incomoda bastante”, reiterou.
Sobre o nível atual da taxa básica de juros, Galípolo concordou que uma Selic de 15% é elevada, tanto em comparação com outros países quanto com a própria série histórica do Brasil. “O BC jamais falou algo diferente”, afirmou. No entanto, destacou que “o comando legal que o BC recebe é para colocar a inflação em 3%”.
“Estamos assistindo à convergência lenta para esses 3% em função da resiliência da economia”, afirmou.
Segundo Galípolo, os chamados cenários de cauda – que envolvem eventos improváveis, mas com alto impacto – estão “emagrecendo”, indicando redução nos riscos extremos. Ainda assim, ele ressaltou que “ainda tem muito esforço para ser feito pelo BC”.
Galípolo também comentou as causas da desancoragem das expectativas de inflação. Segundo ele, as razões são múltiplas, e embora não queira “tirar” a responsabilidade do BC, reforçou que “ao BC cabe ancorar”. “É importante que o BC siga sem se emocionar ou reagir imediatamente a partir de um dado”, alertou.
Ele destacou ainda que a inflação de serviços “continua rodando em patamar incompatível com o alcance da meta”. (Com informações do Valor Econômico)