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Por Redação Rádio Pampa | 21 de janeiro de 2024
Após três quedas consecutivas, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) ficou praticamente estável em novembro (alta de 0,01%) na comparação com o mês anterior e avançou 2,19% ante o mesmo mês de 2022. O resultado veio marginalmente melhor que o esperado pela mediana dos analistas, parte dos quais avalia que a desaceleração pela qual passou a economia brasileira pode estar se aproximando do fim.
O dado praticamente estável do indicador, conhecido também como a “prévia do PIB”, se tomado em conjunto com pesquisas setoriais daquele mês e também os primeiros dados de dezembro, indicam que a economia pode estar ganhando tração novamente, avalia a economista-chefe da Principal Claritas, Marcela Rocha.
“Nosso número para o quarto trimestre não se altera, de contração de 0,1% do PIB”, afirma Rocha. Apesar disso, ela pondera que indicadores setoriais daquele mês foram surpreenderam positivamente – alta da produção industrial (0,5%), vendas no varejo ampliado (1,3%) e serviços (0,4%), e que os primeiros números que saem sobre dezembro dão “cheiro de crescimento”, acrescenta, citando alta de 0,5% nas vendas de veículos pela Fenabrave, além de indicadores da indústria da ABCR e ABPO também nesta direção.
A Claritas projeta alta de 0,8% para o IBC-Br em dezembro, o que resultaria em uma contração trimestral de 0,2% – número bem próximo de sua própria estimativa para o PIB calculado pelo IBGE. “A indicação é que o fim do ano a atividade já voltou a ganhar tração. Isso é relevante porque faz perder força revisões baixistas para a atividade no ano passado e neste.”
“Acredito que as projeções de mercado sobre o PIB do quarto trimestre podem ter uma leve revisão para cima – já que atualmente estão apontando estabilidade ou até leve contração”, diz a economista para o Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho, o número também.
O BNP já está na ponta mais otimista das projeções para a atividade no fim do ano – com estimativa de expansão de 0,1% do PIB do quarto trimestre. Caso o número se confirme, ele significa uma expansão econômica de 3% para 2023 e um carrego estatístico – o resultado para 2024 caso o ritmo de atividade econômica permaneça o mesmo – de 0,3%.
Parte dos analistas, no entanto, pondera que a melhora observada em novembro – e que parece continuar em dezembro, foi causada por fatores sazonais ou pontuais. Igor Cadilhac, do PicPay, lembra que novembro foi mês das promoções da Black Friday, que ajudaram a impulsionar o resultado do varejo, ao passo que a busca por serviços teve ajuda de grandes shows e eventos.
“Olhando à frente, a grande questão continua sendo a capacidade de resiliência do setor de serviços. Em dezembro, esperamos que o Natal e as festas de fim de ano estimulem a demanda das famílias, beneficiadas por um mercado de trabalho aquecido e um aumento na massa de rendimentos”, acrescenta. O banco espera alta de 0,1% no quarto trimestre e crescimento de 2,9% em 2023.
“O desempenho fraco da proxy do Banco Central para o PIB nas últimas 4 divulgações sugere que a desaceleração da economia brasileira no último trimestre de 2023 é uma realidade. No entanto, a perda de tração ocorre de maneira gradual – de fato, todos os indicadores de atividade divulgados para novembro mostraram um quadro relativamente benigno para a economia no mês”, afirma o economista Luis Otavio Leal, da G5 Partners. “Continuamos acreditando que as festas de final de ano também podem ter contribuído para um desempenho mais positivo para os indicadores em dezembro, de forma que mantemos nossa projeção de crescimento trimestral de 0,1% para o PIB do 4° trimestre de 2023″.
O Santander reconhece que o resultado do IBC-Br de novembro superou suas expectativas (esperava queda de 0,7%), o que causou uma ligeira revisão de seu indicador de alta frequência para o PIB do quarto trimestre – passou de -0,2% para -0,1%, na comparação trimestral.
Ainda assim, continua o banco em comentário a clientes, “tudo somado, continuamos a ver sinais de enfraquecimento da atividade doméstica no segundo semestre quando comparado com o primeiro, especialmente em setores mais sensíveis ao ciclo. Esperamos que essa tendência persista até o primeiro trimestre de 2024.”
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