Quinta-feira, 04 de Dezembro de 2025

Home Colunistas Proteção digital infantil é urgente: uma postagem pode abrir a porta errada

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As redes sociais se transformaram no grande álbum de família da vida contemporânea, um espaço onde registramos conquistas, alegrias e momentos afetivos. Contudo, quando essa vitrine inclui crianças, ela deixa de ser apenas expressão de carinho e passa a representar um risco real. Fotos e vídeos compartilhados com boa intenção carregam informações que nem sempre percebemos. Um uniforme escolar revela onde a criança estuda. O fundo de uma imagem entrega a rua, o condomínio ou o bairro. Um vídeo trivial expõe horários, trajetos e hábitos. Fragmentos que, isolados, parecem inofensivos se tornam um mapa completo quando combinados. E um mapa desses, nas mãos erradas, é exatamente o que um criminoso procura.

Se antes o perigo já era preocupante, hoje ele se intensifica com os avanços da inteligência artificial. Uma imagem simples pode ser distorcida, manipulada e inserida em conteúdos que jamais deveriam existir. O rosto de uma criança pode ser clonado digitalmente sem que ela ou sua família tenham qualquer conhecimento. A inocência se converteu em matéria-prima para quem age nas sombras do ambiente virtual. É inquietante imaginar que um registro aparentemente singelo possa dar origem a algo tão grave.

Postar fotos de crianças parece inofensivo, mas pode ser o gesto que escancara a porta de casa para pessoas que jamais deveriam chegar perto da sua família.

Como vereadora que luta pela proteção da infância, vejo com crescente preocupação o quanto se naturalizou o hábito de publicar tudo. Pais compartilham orgulhos legítimos e momentos ternos, porém a criança não escolhe essa exposição. E é ela quem arcará com as consequências no presente e no futuro. O que para a família é celebração, para um criminoso pode ser oportunidade. É doloroso admitir isso, mas é urgente encarar essa realidade com a seriedade que ela exige.

Proteger a infância, hoje, significa também fechar as janelas digitais que nós mesmos abrimos. Isso exige responsabilidade, diálogo e educação. Observar o uso do celular pelos filhos, orientar sobre riscos, explicar que nem tudo pode ser exposto e estabelecer limites claros são medidas essenciais. A internet não é terreno neutro, e a ingenuidade digital pode custar caro. Cada postagem feita sem reflexão é uma decisão tomada por adultos, mas cujas consequências recaem sobre aqueles que menos compreendem o funcionamento desse universo.

Cabe ao poder público avançar com políticas de orientação, campanhas de conscientização e protocolos de segurança nas escolas e nas comunidades. Cabe às famílias redobrarem a vigilância. Cabe à sociedade assumir sua parte no cuidado. Pensar antes de postar deixou de ser prudência e se tornou urgência. A segurança de uma criança não é negociável. O ambiente virtual é vasto, veloz e muitas vezes cruel, portanto todas as barreiras de proteção devem ser reforçadas, tanto no mundo real quanto no digital.

A infância merece proteção integral, e isso só será possível quando reconhecermos que cada clique pode abrir uma porta. Cuidar é responsabilidade coletiva. É dever moral, político e humano. E enquanto eu ocupar o mandato, seguirei defendendo com firmeza iniciativas que preservem nossas crianças, porque nenhuma exposição vale mais do que a segurança de uma vida que ainda está começando.

* Vera Armando

 

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