Quinta-feira, 07 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 7 de agosto de 2025
A tática da obstrução usada por parlamentares da oposição para paralisar os trabalhos na Câmara dos Deputados e no Senado não é novidade no Congresso Nacional. De direita à esquerda, deputados e senadores recorrem ao tumulto como forma de pressionar adversários políticos e defender interesses próprios.
O Partido dos Trabalhadores (PT), por exemplo, já ocupou a Mesa Diretora das duas Casas legislativas em diferentes ocasiões. Em 2016, protestou contra uma proposta de mudança na lei do pré-sal. No ano seguinte, tentou impedir a votação da reforma trabalhista. Ainda em 2018, a bancada de esquerda obstruiu votações na Câmara pedindo a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A mais recente ação foi liderada por parlamentares bolsonaristas, que ocuparam a Mesa da Câmara em meio à pressão pela aprovação do projeto de anistia a manifestantes do 8 de Janeiro e pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O movimento foi organizado pelo núcleo mais fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A bancada do PL liderou a ação, mas contou com o apoio de parlamentares de outras siglas. A obstrução só foi encerrada após o presidente da Casa, Arthur Lira, autorizar o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) a comandar a sessão. Diante da resistência, o corregedor da Câmara, deputado Domingos Neto (PSD-CE), chegou a propor a suspensão dos mandatos dos envolvidos por até seis meses.
Situação semelhante ocorreu em 2017, quando a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) sentou-se à Mesa do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), durante a tramitação da reforma trabalhista. Acompanhada por deputados do PT, PCdoB e PSOL, ela interrompeu a leitura do relatório apresentado pelo então deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), sob gritos de “Fora Temer”.
A mesma estratégia foi adotada por senadoras da oposição no Senado, naquele mesmo ano. Gleisi Hoffmann (PT-PR), então senadora e hoje ministra da Secretaria de Relações Institucionais, liderou a ocupação da Mesa do Senado para tentar impedir a votação da reforma trabalhista. Junto a ela, participaram Regina Sousa (PT-PI), Fátima Bezerra (PT-RN) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). A ocupação durou mais de seis horas e levou o então presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), a cortar a energia elétrica do plenário. A reforma acabou sendo aprovada.
Em 2018, partidos de esquerda, liderados pelo PT, também paralisaram os trabalhos da Câmara em protesto contra a prisão de Lula. Deputados entraram em plenário aos gritos de “Lula, guerreiro do povo brasileiro”, portando cartazes com a mensagem “Lula Livre”. PSOL, PCdoB, PDT e PSB também aderiram à obstrução total das votações.
Na terça-feira (5), o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), criticou a ação dos parlamentares bolsonaristas, classificando a ocupação das Mesas Diretoras como um “AI-5 parlamentar”.
“A oposição tem todo o direito de fazer obstrução. É um direito regimental. Agora, ocupar, na marra, as Mesas do Senado e da Câmara é fazer a mesma coisa que os vândalos do 8 de Janeiro fizeram. É agredir uma instituição democrática. Impedir seu funcionamento por meio da força é uma espécie de AI-5 parlamentar. A democracia brasileira está sob ataque”, escreveu nas redes sociais.
(Com informações do jornal O Estado de S.Paulo)
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