Quinta-feira, 11 de Dezembro de 2025

Home Colunistas Quando o Brasil era maior que a China – e o que aconteceu depois

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Falar da China é, sem dúvida, o assunto do momento. Seja pela sua força econômica, pela influência geopolítica ou pelo impacto tecnológico, o país ocupa o centro das atenções globais.

É nesse contexto que decidi escrever este artigo, inspirado por um estudo elaborado por Tarso de Souza Ramalho, um apaixonado por ciência e tecnologia. O trabalho merece a avaliação que me dediquei a fazer, pois lança luz sobre um tema que ainda desafia o Brasil: a relação direta entre produção acadêmica e desenvolvimento econômico.

O estudo mostra que muitos acreditam que a China sempre foi uma potência inalcançável, mas isso não corresponde à realidade. Há cerca de 30 anos, Brasil e China partiam de uma linha de largada semelhante. Em 1995, por exemplo, o PIB brasileiro era nominalmente maior que o chinês: US$ 769 bilhões contra US$ 735 bilhões, segundo dados do Banco Mundial.

Enquanto o Brasil se concentrava em estabilizar sua economia com o Plano Real e mantinha uma ciência de excelência restrita às universidades públicas, a China acelerava reformas estruturais e já começava a enxergar a ciência como motor industrial.

Um ponto decisivo foi o lançamento do Projeto 211, em 1995, cujo objetivo era transformar 100 universidades em centros de classe mundial. Esse investimento estatal massivo e focado criou as bases para que a produção científica chinesa se conectasse diretamente com a indústria, gerando inovação escalonável e sustentando o crescimento econômico.

O contraste é evidente: o Brasil manteve talentos e recursos, mas sem uma estratégia nacional capaz de integrar universidades, empresas e governo.

A correlação entre ciência e PIB, como destaca o estudo, é absoluta. Países que transformam pesquisa em inovação industrial crescem de forma sustentável. A China apostou em políticas públicas de longo prazo e colheu resultados. O Brasil, por sua vez, possui biodiversidade, energia limpa e capital humano qualificado, mas ainda carece de uma visão estratégica que conecte esses pontos.

Essa análise é também um convite à reflexão. Como gestores, acadêmicos ou cidadãos, precisamos nos perguntar: estamos consumindo inovação ou criando inovação? Nossas empresas têm contato real com as universidades? O Brasil tem condições únicas para se destacar, mas precisa de políticas de Estado que transformem potencial em resultados concretos.

Falar da China ainda vai render muito assunto. O país é exemplo de como ciência e tecnologia podem ser motores de desenvolvimento econômico e social. O estudo de Tarso de Souza Ramalho mostra que, há três décadas, Brasil e China estavam lado a lado. Hoje, a distância é enorme, mas não definitiva.

Compartilhar este trabalho com os leitores de O Sul é uma forma de provocar debate e inspirar ação. Se a China conseguiu transformar universidades em centros de inovação e alavancar seu PIB, por que o Brasil não poderia fazer o mesmo?

Este estudo foi um ótimo caminho que decidi trazer ao público, porque pensar sobre a China é, na verdade, pensar sobre o Brasil que queremos construir.

* Renato Zimmermann é desenvolvedor de negócios sustentáveis e ativista da transição energética

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