Sexta-feira, 03 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 2 de outubro de 2025
Assistentes virtuais já se tornaram parte da rotina no Brasil. De acordo com o relatório “Conectando-se com o Consumidor de IA”, elaborado pela Kantar, 46% dos consumidores brasileiros utilizam ferramentas de inteligência artificial todos os dias — índice bem superior ao da França (18%) e da Alemanha (14%). No mundo, 76% afirmam usar semanalmente ou diariamente.
O levantamento mostra que 81% dos entrevistados já testaram assistentes de voz, chatbots ou ferramentas de compras. A adesão é maior entre a Geração Z (18 a 27 anos), com 83%, seguida dos Millennials (28 a 43 anos), com 81%. A Geração X (44 a 59 anos) aparece com 66%, enquanto 51% dos Boomers (acima de 60 anos) também recorrem a assistentes digitais.
O desenvolvedor Jorge Luiz Sant’Anna, de 27 anos, é um exemplo dessa tendência. Ele utiliza o ChatGPT na versão paga para pesquisas relacionadas ao trabalho, para treinar inglês e para redigir textos mais formais. Ferramentas como GitHub Copilot, NotebookLM e Manus.AI também fazem parte de sua rotina.
“O que mais me atrai é a produtividade. Tarefas que levariam horas, às vezes até um dia inteiro, consigo resolver em poucas horas. Por outro lado, o excesso de informação pode ser prejudicial, porque nem sempre absorvemos tudo. Isso cria uma relação paradoxal: ao mesmo tempo em que ganho independência, sinto que me torno mais dependente dessas ferramentas para tomar decisões”, reflete Sant’Anna.
Para a professora e vice-presidente de comunicação e marketing da Associação Brasileira de Inteligência Artificial (Abria), Elaine Coimbra, a velocidade é mesmo o principal atrativo. Segundo a pesquisa, 61% dos consumidores destacam a rapidez como característica mais útil, seguida da capacidade de apoiar a criatividade (48%).
“O brasileiro pulou a fase da desconfiança e colocou os assistentes de voz e texto no dia a dia. Hoje, pedir informação, tocar música, criar lembretes ou até controlar aparelhos ficou natural. Não é futuro distante, é agora”, afirma a especialista.
Ela ressalta ainda que a IA está transformando a forma como consumimos informação: “Muita gente deixou de abrir dez aplicativos para resolver coisas simples. Agora pede direto para o assistente. Desde crianças, fazemos perguntas esperando respostas, não listas de links. Isso muda como as empresas pensam em SEO e acelera a chegada de novas otimizações para respostas diretas.”
As expectativas dos usuários também apontam para funções mais complexas: 45% gostariam de apoio na tomada de decisões, 42% em planejamento financeiro, 36% em viagens e 33% em recomendações de entretenimento. Jovens priorizam criatividade e produtividade, enquanto consumidores mais velhos dão destaque à privacidade e à segurança.
A influenciadora digital Tatiana Queiroz, de 50 anos, usa a tecnologia para planejar roteiros, organizar entregas de marcas e treinar inglês. Ela destaca principalmente a qualidade do ChatGPT na criação de textos.
“Assino a versão paga porque não tem limite de mensagens, posso carregar documentos e treinar conversação. O que mais me surpreendeu foi conseguir escrever roteiros profissionais. Recentemente fiz um trabalho para a L’Oréal, subi o briefing e recebi sugestões que foram aprovadas de primeira”, conta.
Tatiana, no entanto, alerta que é preciso senso crítico.
“Muitas vezes a IA começa e eu termino. É preciso repertório para avaliar se aquilo faz sentido. O perigo é tudo ser criado de forma tão perfeito que se torne inalcançável. Também é preciso cuidado com vieses: se você pede uma imagem de reunião, ela gera pessoas brancas e ricas, a menos que detalhe o contrário.”
(O Dia)