Domingo, 09 de Fevereiro de 2025

Home Notícias Queda da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, marca uma mudança de postura da gestão Lula em relação a governos anteriores

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A iminente substituição de Daniela Carneiro (União-RJ) pelo deputado Celso Sabino (União-PA) no Ministério do Turismo marca uma mudança de postura da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação a governos anteriores. A demissão dela, por pressão do União Brasil, sacramenta uma alteração na Esplanada logo no primeiro ano que tem por objetivo garantir maior fidelidade do partido nas votações no Congresso. O movimento chama atenção de especialistas por ocorrer nos primeiros meses do governo.

Durante as gestões de Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro, demissões de ministros no primeiro ano haviam ocorrido após denúncias de corrupção ou por atritos internos. Lula, ao chegar pela primeira vez à Presidência, em 2003, passou o ano inicial sem mexer nos ministérios. Desde FHC, trocas de ministros por acomodação de partidos aliados só haviam ocorrido a partir do segundo ano de mandato.

Governos anteriores

Fernando Henrique demitiu três titulares de pastas no primeiro ano de governo, entre eles o da Aeronáutica, Mauro Gandra, por suspeitas de tráfico de influência no Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Dilma teve o dobro de baixas no mesmo período, todos por suspeita de corrupção. O mais emblemático foi Antonio Palocci da Casa Civil, após denúncias de enriquecimento ilícito durante seu mandato como deputado federal, entre 2006 e 2010. A gestão Bolsonaro registrou três quedas, sendo a primeira de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência. Ele teve atritos com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente.

Nova vice-líder

Agora, Daniela Carneiro — que deverá assumir a vice-liderança do governo na Câmara — perdeu o apoio de seu partido, o União Brasil, para continuar no posto. A troca é uma tentativa do Planalto de conquistar a fidelidade da sigla nas votações no Congresso, onde não tem uma base sólida. Em outra frente, o Centrão pressiona pela substituição da ministra Nísia Trindade (Saúde), que é um quadro técnico. Lula, no entanto, resiste.

“Troca de ministro para acomodação de aliados é algo normal nesse modelo de presidencialismo de coalizão, que Lula procura resgatar. A precocidade chama atenção neste caso, e se explica pelas particularidades atuais na relação entre governo e Congresso. (Arthur) Lira é um presidente da Câmara poderoso e, embora a distribuição de emendas tenha aumentado, a distribuição de cargos ainda é efetiva para construir uma base”, avaliou o cientista político Ricardo Ribeiro, analista da Ponteio Política.

Trocas

Para a cientista política Joyce Luz, pesquisadora do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB), Lula “pagou para ver” na relação com o União Brasil no início do governo e pavimentou a troca no Turismo ao entender que as dificuldades com o partido chegaram a um “ápice” em votações de interesse do Planalto. Na análise dos decretos de Lula que haviam modificado o marco do saneamento, por exemplo, nenhum deputado do União acompanhou o governo.

A pesquisadora lembra que a gestão petista já cedeu a aliados, desde a montagem de governo, pastas normalmente reservadas a correligionários do presidente. Um exemplo é o Ministério do Planejamento, entregue à ex-presidenciável Simone Tebet (MDB).

Aceno político

Especialistas e aliados do governo no Congresso avaliam que os solavancos recentes fizeram com que Lula passasse a fazer mais gestos a parlamentares e a participar mais diretamente da relação com parlamentares, gastando uma “munição” normalmente reservada a estágios mais avançados da gestão. No mês passado, Lula se reuniu duas vezes com o presidente da Câmara e convocou reunião com líderes de partidos aliados no Senado.

Líder do blocão de nove partidos na Câmara que inclui o União Brasil, o deputado federal André Figueiredo (PDT-CE) afirma que as falhas na articulação política podem ser corrigidas com uma participação mais direta do presidente.

“Lula tem muita habilidade e experiência política, e conta com a simpatia da maior parte dos parlamentares. Ele tem que trazer para si essa responsabilidade da articulação”, afirmou Figueiredo, que endossou a iminente troca no Turismo.

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