Terça-feira, 14 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 13 de outubro de 2025
Após 738 dias desde o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023, o Hamas entregou nessa segunda-feira (13) 20 reféns vivos de Israel e os restos mortais de outros quatro em troca de quase 2 mil prisioneiros palestinos, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o fim da guerra em Gaza e a paz no Oriente Médio em dois discursos na região — um perante o Parlamento de Israel e outro durante uma cúpula no Egito.
Mas ainda há muitas questões sem resposta sobre se Israel e o Hamas conseguirão alcançar uma paz duradoura, e sobre o futuro de Gaza, devastada por dois anos de guerra, já que ainda será necessário negociar pontos como o desmilitarização de Gaza, assim como a governança e a reconstrução do território. Além disso, a formação de um Estado palestino, tema ausente dos discursos de Trump, é apontada como fator crucial para a paz na região.
Entre muitos israelenses e palestinos, o cessar-fogo e o início da troca de reféns por presos trouxeram alívio e esperança. Ainda falta, porém, a devolução de 24 corpos de sequestrados mortos em cativeiro. O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas apontou a falha em entregar todos como uma violação do acordo, mas o governo israelense já tinha conhecimento de que o Hamas precisaria de mais tempo para localizar todos os restos mortais.
“Vocês estão voltando para casa!”, disse Einav Zangauker, mãe de Matan Zangauker, de 25 anos, em uma videochamada com o filho ainda em Gaza, a primeira conversa desde seu sequestro há dois anos, segundo imagens transmitidas pela televisão israelense.
Na Cisjordânia ocupada, multidões de palestinos se reuniram em Ramallah, onde vídeos mostraram prisioneiros palestinos descendo do ônibus que os trouxe da Prisão de Ofer, em Israel. Alguns dos homens usavam keffiyehs e faziam sinais de vitória ao serem recebidos pela multidão.
Discursos
Donald Trump, primeiro presidente dos EUA a discursar no Parlamento israelense desde George W. Bush em 2008, afirmou que o acordo firmado entre os israelenses e o Hamas sobre Gaza marcava o “histórico amanhecer de um novo Oriente Médio”. Também fez longas digressões como se estivesse em campanha, elogiando Israel, Netanyahu e suas próprias realizações, enquanto criticava seus antecessores democratas, Joe Biden e Barack Obama.
Além disso, quebrou tabus diplomáticos ao fazer um nada protocolar pedido a Isaac Herzog, presidente de Israel, para que perdoasse Netanyahu, que é réu em um longo processo criminal por acusações que incluem suborno.
“Israel, com a nossa ajuda, ganhou tudo o que podia. Afastamos uma grande nuvem do Oriente Médio e de Israel”, disse Trump, afirmando depois: “Esse é um amanhecer histórico de um novo Oriente Médio. É o início de uma grande concórdia e harmonia duradoura para Israel e todas as nações do que em breve será uma região verdadeiramente magnífica. Acredito nisso com muita convicção.”
O pronunciamento foi feito antes de Trump se dirigir ao Egito, onde participou de uma cúpula com líderes de mais de 20 países e organizações internacionais e assinou um documento com Turquia, Egito e Catar, que ajudaram a alcançar o acordo.
“Juntos, alcançamos o que todos diziam ser impossível. Finalmente, temos paz no Oriente Médio. Demorou 3 mil anos para chegar a este ponto, dá para acreditar? E vai durar também”, disse Trump ao assinar o documento.
Não está claro ainda o teor do texto, não assinado pelo Hamas e Israel, que não tinham representantes no encontro. Netanyahu não participou do evento, disse seu Gabinete, por causa de um feriado religioso judaico, mas há informações de que o líder turco, Recep Tayyip Erdogan, foi contra sua presença.
Mais cedo durante o encontro, Trump trocou um longo aperto de mão com Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina, no primeiro encontro entre ambos desde 2017. No mês passado, o governo Trump negou a Abbas o visto para viajar a Nova York para a Assembleia Geral da ONU, permitindo que discursasse na reunião por videoconferência. Mas, na cúpula, Trump apontou para Abbas e disse: “É bom tê-lo conosco.” Na proposta de Trump para Gaza, prevê-se que a ANP, que administra parte da Cisjordânia ocupada por Israel, retome eventualmente o controle do enclave.
Embora Trump não tenha feito nenhuma menção concreta à solução de dois Estados em seus discursos, o presidente egípcio, Abdel Fatah el-Sisi, a descreveu explicitamente como o objetivo final. O processo de paz atualmente em andamento, disse, poderia levar “à implementação da solução de dois Estados de uma forma que garanta nossa visão compartilhada de cooperação conjunta entre todos os povos da região e até mesmo a integração entre todos os seus países”. (Com informações do jornal O Globo)