Sábado, 20 de Setembro de 2025

Home Política Relator da anistia passa de aliado de Tarcísio a inimigo do bolsonarismo enquanto articula “anistia light”

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O encontro entre o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade), escolhido relator do PL da Anistia pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), com o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o deputado federal Aécio Neves (PSDB), em São Paulo, na noite de quinta-feira (18), teria contado com a participação remota dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A informação causou revolta no bolsonarismo, com influenciadores e parlamentares divulgando o vídeo nas redes sociais, relembrando investigações da Operação Lava-Jato contra os três e postando fotos do sindicalista ao lado dos petistas Lula e Gleisi Hoffmann.

Com isso, instala-se um dilema no Palácio dos Bandeirantes. Paulinho já cobrou publicamente um posicionamento de Tarcísio sobre o assunto desde que rebatizou o projeto de “PL da Dosimetria”, descartando o modelo de “anistia ampla, geral e irrestrita” defendida pelos “extremos” para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro da cadeia e, porventura, até retomar os seus direitos políticos e a possibilidade de disputar as eleições presidenciais de 2026.

“Vou procurar alguns deles, entre eles o Tarcísio. Se ele não quiser, tudo bem, vamos em frente”, declarou em entrevista ao O Globo. Nessa sexta-feira (19), ao UOL, disse que encaminhou mensagens ao governador pedindo um encontro, mas não teve resposta. “Estou aguardando uma posição.”

Apesar das cobranças, a agenda de Tarcísio nessa sexta envolveu apenas reuniões e despachos internos. Interlocutores dizem que o governador estaria disposto a se reunir com o deputado relator da proposta, mas não acreditam que exista uma possibilidade real de mudar os planos. Para quem esteve com Tarcísio nos últimos dias, o governador demonstrou “cansaço” com o assunto, sobretudo pelas cobranças que vem recebendo de pessoas e grupos que “olham seus próprios interesses”.

No Centrão, diz uma fonte, já está pacificado o entendimento que uma anistia a Bolsonaro não terá adesão e será declarada inconstitucional pelo STF, restando ao ex-presidente apenas a opção da redução da pena e da detenção longe do sistema prisional.

“O máximo que vai sobrar para o Bolsonaro é uma prisão domiciliar. Por isso entendo que o PL vai precisar baixar a bolinha e aceitar o que vier a ocorrer”, afirma uma liderança do próprio partido com trânsito no governo paulista.

Outros mantém o discurso de enfrentamento e sugerem um ultimato ao deputado:

“O Paulinho tem que conversar com o Tarcísio mesmo, porque ele está muito mal informado. A anistia que o maior partido do Brasil, o PL, junto a outros partidos, está construindo é ampla, geral e irrestrita, e não vamos aceitar nada diferente disso. O governador já foi enfático em defender o projeto nesses moldes. Ele deve se encontrar com ele justamente para colocar essa situação e dizer: ou você caminha da forma como estamos articulando ou abre mão da relatoria”, afirma o deputado estadual Lucas Bove (PL-SP).

A deputada federal Rosana Vale (PL-SP) prefere aguardar o desenrolar das negociações antes de decretar a morte da anistia total.

“Nós temos que ver o relatório para depois tomar uma definição. O relator tem, por obrigação, tentar o consenso, e apesar de a gente já ter demonstrado preocupações com relação à relatoria do Paulinho da Força, pelas posições que ele tem, eu creio que é precipitado falar contra agora. Vamos ver o que ele vai apresentar de relatório.”

Em vídeo publicado nas redes sociais, Michel Temer defende um “pacto republicano” para revisar as penas dos condenados por golpe de estado, o que incluiria uma espécie de garantia de ministros do Supremo de que a matéria não seria revertida na Corte.

Já o deputado Aécio Neves, em entrevista para a Globonews, declarou que Bolsonaro poderia ser beneficiado com uma redução de pena, sem mudança no seu “status quo”, e que percebeu “sinais de muito desprendimento” no STF quanto ao teor do relatório anunciado pelo relator, bem diferente do que defendem os bolsonaristas.

Tarcísio tem mantido uma postura discreta desde que articulou a proposta de anistia no Congresso. Na terça-feira (16), indagado sobre como se deram as conversas em Brasília, limitou-se a dizer que “o que tinha que ser feito foi feito” e que o resultado dos esforços empreendidos com parlamentares e dirigentes partidários se deu com Motta aceitando pautar a urgência da matéria nesta semana, requerimento que efetivamente veio a ser aprovado no dia seguinte.

As negociações tiveram apoio do senador Ciro Nogueira (Progressistas) e do deputado federal Marcos Pereira (Republicanos), presidente da sigla. Paulinho encontrou Nogueira hoje, e os dois combinaram uma gravação para as redes sociais. Nela, o senador do Piauí afirma que defende uma anistia total, mas que o deputado deve ouvir as outras partes, incluindo aqueles que não querem nenhuma. (Com informações do jornal O Globo)

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