Quinta-feira, 09 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 8 de outubro de 2025
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) confirmou nessa quarta-feira (8) o primeiro caso de intoxicação humana por metanol no Rio Grande do Sul após consumo de bebida alcoólica. O paciente tem 42 anos, mora em Porto Alegre e relatou ter tomado caiprinhas à base de vodka, no dia 26 de setembro, quando estava em viagem a São Paulo (SP). Ele já está fora de perigo.
Os sintomas começaram entre 12 e 24 horas após a ingestão do drinque – febre, dor abdominal e de cabeça. Depois incluíram visão turva e mudanças na percepção das cores. O indivíduo chegou a receber atendimento médico, mas embarcou de volta para a capital gaúcha, onde procurou o setor de emergência do Hospital São Lucas da PUCRS no dia 30 de setembro.
Foi então ministrado tratamento, seguido de alta logo depois. Permanece, no entanto, sob acompanhamento da equipe da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
De acordo com a SES, a confirmação do caso se deu mediante análise laboratorial de amostra de sangue por um laboratório particular que presta serviços ao São Lucas da PUCRS. O resultado positivo saiu na madrugada dessa quarta-feira.
Outros três casos suspeitos continuam sob análise, em Porto Alegre, Nova Santa Rita (Região Metropolitana) e Novo Hamburgo (Vale do Sinos). Além desses, foram descartados duas possibilidades – uma na Capital, outra em Santa Maria (Região Central).
A definição de caso suspeito de intoxicação por metanol considera pacientes com histórico de ingestão de bebidas alcoólicas que apresentem, entre seis e 72 horas após o consumo, persistência ou piora de um ou mais indícios como os relatados a seguir:
– Sintomas compatíveis com embriaguez acompanhados de desconforto gástrico ou quadro de gastrite;
– Manifestações visuais, como visão turva, borrada, escotomas (pontos cegos) ou redução da acuidade visual.
– Esses sintomas podem evoluir para rebaixamento de consciência (perda da capacidade de interagir com o ambiente, variando de sonolência a entorpecimento), convulsões, coma, e alterações visuais persistentes, como cegueira, escotoma central (perda de visão que afeta o centro do campo visual) e atrofia óptica (dano ao nervo óptico).
Mobilização
Também nessa quarta-feira, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) publicou uma Nota Informativa com orientações aos serviços de saúde sobre o fluxo de atendimento e notificação imediata de casos suspeitos de intoxicação por metanol. Um dos trechos ressalta:
“A Secretaria Estadual da Saúde reforça a importância da atenção dos profissionais de saúde para sintomas compatíveis com intoxicação por metanol, bem como da notificação rápida, essencial para adoção de medidas de controle e prevenção”.
O primeiro passo recomendado é o contato com o Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT), disponível pelo telefone 0-800-721-3000, com atendimento 24 horas por dia, sete dias por semana. O serviço pode esclarecer se a situação é enquadrável em suspeita de intoxicação pelo composto químico e oferecer orientação especializada ao profissional de saúde, bem como apoio ao atendimento clínico imediato.
Após o contato inicial com o CIT e a devida notificação, o serviço de saúde onde o caso suspeito foi atendido deve informar a vigilância municipal de saúde, que será responsável pela investigação. Assim que tomar conhecimento do caso, a vigilância deve acionar a Brigada Militar para comparecimento à unidade de saúde.
Uma Nota Técnica específica para as Vigilâncias Sanitárias Municipais traz informações sobre ações de fiscalização relacionadas a bebidas alcoólicas irregulares com potencial de intoxicação por metanol.
Localização, apreensão e arrecadação do produto suspeito, especialmente em casos que envolvam estabelecimentos comerciais ou locais de produção clandestina, são conduzidas pelas forças de segurança pública. A investigação é realizada em conjunto com a vigilância sanitária local e Secretaria Estadual da Agricultura, conforme suas respectivas competências.
Ações do governo
Na semana passada, foi criado um Comitê Intersecretarial para acompanhar as ações de monitoramento e investigação de possíveis casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas. O grupo é formado por representantes das secretarias da Saúde, da Segurança Pública (SSP) e da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).
A finalidade do colegiado é garantir agilidade e efetividade na resposta a casos suspeitos, por meio da articulação entre diferentes áreas do governo estadual.
No momento, a SES realiza um levantamento junto à rede hospitalar sobre os estoques de etanol farmacêutico, utilizado no tratamento de intoxicações por metanol. Também aguarda o envio do antídoto específico fomepizol, que está sendo adquirido pelo Ministério da Saúde junto a fornecedores estrangeiras.
(Marcello Campos)
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