Sexta-feira, 31 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 30 de outubro de 2025
 
Em audiência pública na Farsul, José Carlos Polidoro detalha estratégias do Plano Nacional de Fertilizantes e destaca protagonismo gaúcho na criação de plano estadual. Evento foi promovido pela Frente Parlamentar da Mineração, presidida pelo deputado Paparico Bacchi.
Durante audiência pública realizada na sede da Farsul, em Porto Alegre, no dia 30 de outubro, o pesquisador da Embrapa Solos e representante do Ministério da Agricultura (MAPA), José Carlos Polidoro, concedeu entrevista exclusiva ao Jornal O Sul sobre os avanços do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) e a articulação do Rio Grande do Sul para criar uma política estadual alinhada às metas federais. O encontro foi promovido pela Frente Parlamentar da Mineração, presidida pelo deputado estadual Paparico Bacchi (PL), autor do Projeto de Lei nº 166/2025, que institui o plano estadual.
Segundo Polidoro, o PNF é uma política de Estado que busca reduzir a dependência externa — hoje superior a 90% — e desenvolver tecnologias nacionais para atender à crescente demanda agrícola. “Até 2050, o Brasil vai consumir o dobro de fertilizantes. Precisamos produzir pelo menos metade disso com tecnologia própria, adaptada às nossas culturas e solos”, afirmou.
O plano é coordenado pelo governo federal em parceria com estados e setor privado. A meta é que, até 2030, ao menos cinco estados tenham políticas próprias espelhadas no PNF. O Rio Grande do Sul, segundo Polidoro, está entre os primeiros a avançar com um projeto de lei estadual. “É nos estados que ocorrem os investimentos e o consumo. Ter um plano estadual é estratégico para atrair fábricas, desenvolver conhecimento e transferir tecnologia ao produtor rural”, destacou.
Polidoro também criticou a política de isenção tributária mantida por décadas para fertilizantes importados, que teria enfraquecido a indústria nacional. “Durante 30 anos, subsidiamos a importação e deixamos de investir na nossa capacidade produtiva. A indústria encolheu quatro vezes”, disse. Para reverter esse cenário, o governo aposta na equalização tributária e na criação do PROFERTE — Programa Nacional de Incentivo aos Investimentos na Indústria de Fertilizantes — que prevê desoneração de impostos sobre maquinário industrial por cinco anos.
Outro destaque da entrevista foi a criação de centros de tecnologia em fertilizantes. A sede nacional será no Rio de Janeiro, mas hubs temáticos estão sendo estruturados em outros estados. Santa Catarina e Paraná já iniciaram esse processo, e o Rio Grande do Sul poderá integrar a rede conforme o tema escolhido. “Não abrimos centros por estado, mas por tema. O RS tem instituições fortes e pode liderar parte da cadeia”, afirmou.
Polidoro também celebrou a retomada da atuação da Petrobras no setor e a chegada de multinacionais, como empresas da Rússia e da China, que estão investindo na construção de fábricas no Brasil. “Cada planta pode gerar até mil empregos diretos e até sete mil durante a fase de implantação. Isso movimenta toda a cadeia produtiva, da indústria básica à exportação de alimentos”, explicou.
Ao final, o representante do MAPA elogiou a resiliência da agricultura gaúcha diante das adversidades climáticas. “O Rio Grande do Sul tem universidades de excelência, cooperativas organizadas e uma federação atuante. Está preparado para liderar a agricultura brasileira. Parabéns ao povo gaúcho”, concluiu. (por Gisele Flores)
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