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Por Redação Rádio Pampa | 15 de maio de 2023
Balões solares gigantes foram enviados a 70.000 pés de altura para gravar sons da estratosfera da Terra. E os microfones captaram alguns sons inesperados pelos cientistas, com ruídos misteriosos sem origem conhecida. À primeira vista, a estratosfera parece calma e silenciosa. Os ruídos são “infrassons”, inaudíveis ao ouvido humano (tal qual a luz no espectro infravermelho é invisível ao olho humano). Quando gravados com instrumentos especiais e acelerados milhares de vezes, soam como sussurros abafados.
Alguns sons captados pelos balões têm uma fonte clara: um murmúrio baixo, parecido com o suspiro que você ouve quando põe uma concha perto do ouvido, é o som distante das ondas do mar batendo umas nas outras. Mas outras crepitações intermitentes desafiam a explicação.
“Passamos muito tempo discutindo sobre o que as coisas são”, disse Siddharth Krishnamoorthy, tecnólogo de pesquisa do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa na cidade de Pasadena nos Estados Unidos.
“Faço isso há uns dez anos, e o fato de haver sons misteriosos que não entendo é preocupante, mas não chega a ser uma revelação”, disse Daniel Bowman, cientista do Laboratório Sandia, que constrói e lança os balões movidos a energia solar.
Conforme a Nasa, a estratosfera é a segunda camada da atmosfera da Terra, e seu nível inferior contém a camada de ozônio que absorve e espalha a radiação ultravioleta do sol. O ar rarefeito e seco da estratosfera é onde os aviões a jato e os balões meteorológicos atingem sua altitude máxima, e a camada atmosférica relativamente calma raramente é perturbada pela turbulência.
Compreender os sons é mais do que uma busca intelectual. Cientistas que lançam balões na Terra querem usar nosso planeta como uma plataforma de teste para interpretar gravações para um futuro no qual um dia enviar balões semelhantes para estudar outros mundos.
O empreendimento dos balões flutuantes na estratosfera da Terra tem uma tecnologia surpreendentemente baixa. Bowman constrói balões de ar quente movidos a energia solar usando materiais comuns que você pode encontrar em qualquer loja de ferragens do seu bairro: folhas de plástico para pintores, fita adesiva, pó de carvão. Para evitar que suas criações sejam confundidas com balões espiões ou que interfiram em aeronaves, ele avisa a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos sobre seus experimentos.
O sol aquece o ar dentro do balão, deixando-o menos denso que o ar externo, e aí ele vai embora. O balão atinge a estratosfera antes do pôr do sol, quando a mudança de temperatura faz com que ele desça. Os balões vão para onde o vento os sopra – um deles viajou desde o centro do Novo México até os arredores de Houston.
Os pesquisadores rastreiam seus balões usando GPS, já que eles podem viajar por centenas de quilômetros e pousar em locais aleatórios. O voo mais longo até agora foi de 44 dias a bordo de um balão de hélio da Nasa, que registrou 19 dias de dados antes que as baterias do microfone acabassem. Enquanto isso, os voos de balão solar tendem a durar cerca de 14 horas durante o verão e pousam assim que o sol se põe.
No Ar: Pampa Na Madrugada