Sexta-feira, 24 de Janeiro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 7 de maio de 2022
Apesar da escalada das tensões entre a Rússia e o Ocidente nas últimas semanas, Moscou garantiu que não usará armas nucleares em ataques em território ucraniano.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Alexei Zaistev, afirmou que este tipo de armamento não faz parte da “operação especial militar”, como o Kremlin chama a guerra na Ucrânia.
A garantia é feita dois dias depois de a Rússia anunciar que testou mísseis com capacidade nuclear em uma base do país, deixando o mundo em alerta.
Ao longo das últimas semanas, o presidente russo, Vladimir Putin, fez repetidas ameaças de escalada da guerra a níveis sem precedentes. Na semana passada, diante do crescente envio de armas do Ocidente à Ucrânia, Putin prometeu “respostas fulminantes” a quem interferisse na guerra da Ucrânia.
O diretor da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, William Burns, já havia afirmado que o potencial de uso de armas nucleares não podia ser descartada.
Arsenal russo
A Rússia tem muitas armas nucleares táticas, menos poderosas do que a bomba de Hiroshima, por exemplo. Menor em carga explosiva do que uma arma nuclear estratégica, a arma nuclear tática é teoricamente destinada ao campo de batalha, sendo transportada por um vetor com alcance inferior a 5.500 km.
A tática russa de “escalada-desescalada” consistiria em primeiro usar uma arma nuclear de baixa potência, para ganhar vantagem em caso de um conflito convencional com o Ocidente.
“Eles precisam desesperadamente conquistar vitórias militares para transformá-las em alavancagem política”, explicou à AFP Mathieu Boulègue, do instituto de análises britânico Chatham House, no final de março.
“As armas químicas não mudariam a guerra. Uma arma nuclear tática, que destruísse uma cidade ucraniana, sim. É improvável, mas não impossível. E seria o colapso de 70 anos da teoria da dissuasão nuclear”, ele acrescenta.
Para Pavel Luzin, analista do Instituto Riddle, com sede em Moscou, a Rússia poderia usar uma arma nuclear tática “para desmoralizar um adversário, para impedir que o inimigo continue lutando”. O objetivo é antes de tudo “demonstrativo”, acrescenta o especialista à AFP. “Mas se o adversário ainda quiser lutar depois, a arma pode ser usada de forma mais direta.”
Tecnicamente, Moscou está equipada. De acordo com o respeitado Boletim dos Cientistas Atômicos, “1.588 ogivas nucleares russas estão implantadas”, sendo 812 em mísseis terrestres, 576 em submarinos e 200 em bombardeiros.
Outros observadores preferem acreditar que o tabu absoluto permanece. Se Vladimir Putin decidir destruir até mesmo uma aldeia ucraniana para mostrar sua determinação, a área seria potencialmente barrada à vida humana por décadas.
“O custo político seria monstruoso. Ele perderia o pouco apoio que lhe resta. Os indianos recuariam, os chineses também”, afirma à AFP William Alberque, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS). “Eu não acho que Putin faça isso”, conclui.
Para os especialistas, a Rússia não desfrutaria da estatura militar que tem hoje sem o seu poderio nuclear. O país não constituiria uma ameaça de tal magnitude apenas com suas forças convencionais, que mostram uma imensa capacidade de destruição na Ucrânia, mas, também, fraquezas táticas, operacionais e logísticas.
No Ar: Pampa Na Tarde