Quinta-feira, 10 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 26 de dezembro de 2021
Foi durante décadas a única potência que poderia rivalizar com os Estados Unidos, até que na noite de 25 de dezembro de 1991, deixou de existir.
“Com isso interrompo minhas atividades como presidente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)”, anunciou Mikhail Gorbachev, do Kremlin, em discurso que deu a volta ao mundo.
Para muitos, aquele momento marcou o fim do poder comunista e da Guerra Fria, mas para outros a União Soviética (URSS) já havia morrido semanas antes com o Tratado de Belavezha.
No entanto, a grande maioria concorda que, após o golpe de agosto daquele ano, a União estava com os dias contados.
Desde a primavera, Gorbachev e seus aliados no governo federal vinham negociando o Novo Tratado da União, que buscava manter a maioria das repúblicas dentro de uma federação muito mais flexível. Eles consideraram que era a única maneira de salvar a URSS.
“Eles queriam manter algum tipo de união, mas com o tempo essa ideia se tornou cada vez menos atraente para os líderes das repúblicas, especialmente para Boris Yeltsin (presidente da Rússia)”, diz o jornalista e escritor Conor O’Clery, autor de “Moscou, 25 de dezembro de 1991: O Último Dia da União Soviética”, à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC.
A proposta também foi rejeitada pelos comunistas conservadores, o Exército e a KGB (a agência de inteligência soviética) e então Gorbachev foi colocado em prisão domiciliar em sua casa de férias na Crimeia. Mas os conspiradores do golpe foram mal organizados e fracassaram depois de uma campanha de resistência civil liderada em Moscou por Boris Yeltsin, que era aliado e crítico de Gorbachev.
O golpe falhou, mas como resultado disso Gorbachev perdeu sua influência, enquanto Yeltsin emergiu como o líder preferido dos russos.
“Gorbachev havia planejado a assinatura do Novo Tratado de União para 20 de agosto. Mas o exército e a KGB consideraram que esse pacto destruiria a URSS como um Estado, e eu concordo”, diz à BBC News Mundo Vladislav Zubok, professor de História na London School of Economics (LSE) e especialista em União Soviética.
“O golpe foi uma surpresa, porque aconteceu quando todos estavam de férias. As pessoas esperavam que algo assim acontecesse, mas não em agosto”, acrescenta Zubok, autor do livro “Um império falido: a União Soviética na Guerra Fria de Stalin a Gorbachev”.
Show televisionado
Zubok, que nasceu e morou em Moscou durante a era soviética, lembra que muitas vezes as pessoas acreditam na narrativa de que 25 de dezembro foi uma data muito importante, mas em sua opinião não era.
“Quando Gorbachev anunciou sua renúncia, ele não tinha mais nenhum tipo de poder. O que aconteceu foi um programa de televisão”, diz ele.
Os conspiradores do golpe impediram que o Novo Tratado da União fosse assinado em agosto, mas não puderam evitar a iminente dissolução da União Soviética, que vinha fermentando há anos. Na verdade, eles lhe deram um impulso.
Depois do golpe, muitos entenderam que a União Soviética havia chegado ao fim, mas outros, incluindo Gorbachev, acreditavam que ela ainda poderia ser salva sob outro tipo de união de Estados soberanos.
“A ideia da União permaneceu atraente para milhões de pessoas que estavam acostumadas a viver em um grande país. Eles esperavam preservá-la talvez sob outro nome ou regime”, diz Zubok.
Mas Yeltsin tinha outro plano.
O último dia da URSS
Os dias se passaram sem muitas novidades, até que chegou o dia em que era esperada a renúncia do homem responsável pela perestroika (reconstrução e reestruturação).
Em 25 de dezembro, a maioria dos salões do Kremlin estava calma, exceto por algumas, pois Yeltsin já controlava o complexo presidencial.
Ele nomeou seu próprio comando do Regimento do Kremlin, uma unidade especial que garante a segurança do local, de modo que todos os guardas nas entradas e ao redor dele fossem leais.
Gorbachev mal controlava seu escritório e algumas salas ao redor, usadas por equipes das emissoras americanas CNN e ABC, que se preparavam para transmitir a renúncia.
“Foi o momento mais triste de Gorbachev, um momento de angústia. Mas ele se recuperou rapidamente desse episódio e se preparou para fazer um discurso com grande dignidade.”
Conforme o planejado, o último líder da União Soviética iniciou às 19h locais um pronunciamento que duraria 10 minutos. Gorbachev renunciou a seu cargo em um país que não existia mais.
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