Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2025

Home em foco Saiba como o governo Trump pode mudar o cenário mundial e impactar o Brasil

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O caminho de volta para Washington foi pavimentado pelo avanço de Trump em setores democratas da sociedade onde, até alguns anos atrás, ninguém votaria nele. A culpa maior pela virada é atribuída à falha do governo Biden em duas áreas: economia e segurança, essa atrelada à questão da imigração. Os preços dispararam na pandemia e, embora a inflação esteja agora sob controle, tudo hoje – comida, gasolina, remédios, casa própria – custa mais caro do que nos quatro primeiros anos de Trump no poder.

Além disso, aproveitando a abertura de fronteiras no início da gestão Biden, milhões de imigrantes ilegais entraram nos Estados Unidos, incitando as denúncias de concorrência desleal, dilapidação dos serviços sociais e, principalmente, aumento da violência com a chegada de “criminosos de fora” – uma afirmação sem base nas estatísticas que o próprio Trump atiçou com gosto.

Trump se elegeu porque soube explorar o tamanho do descontentamento da população com Biden e sua disposição para votar na mudança – na véspera da eleição, 56% dos americanos desaprovavam o atual presidente, pior índice em quatro anos. Nesse contexto, a imagem de Trump como líder durão, que não se intimida perante as “elites”, se tornou palatável até para quem não tinha por ele o menor respeito – e a avalanche de agora é a expressão dessa espantosa mudança.

“Harris não conseguiu se descolar do governo e foi punida pela impopularidade do presidente”, diz Jon Green, professor de ciência política da Universidade Duke, na Carolina do Norte. Dos 3 141 condados do país, apenas cinco não foram fortemente afetados pelo aumento de preços dos aluguéis e do supermercado. “A questão passou a ser quem você vai culpar por isso”, diz o aposentado Carl Weir, 72 anos.

Com maioria praticamente garantida no Congresso, o presidente eleito terá pista livre para agir. Em alusão a uma política econômica protecionista, com a implementação de tarifas pesadas sobre todas as importações (sendo as mais altas sobre produtos da China, o rival número 1), citou a necessidade de pôr os interesses dos Estados Unidos no topo das prioridades, ainda que “por um tempo”.

Programas sociais

Também estão ameaçados os programas sociais que o Partido Democrata implementou, sobretudo no setor da saúde. O bilionário Elon Musk está encarregado – até segunda ordem, pelo menos – de promover um enxugamento do Estado que, a depender dele, chegará a 2 trilhões de dólares. “A inflação e as taxas de juros passaram a ser atribuídas aos altos gastos do governo, que não foram acompanhados pelo aumento do poder de compra”, afirma Dan Mallinson, cientista político da Universidade Estadual da Pensilvânia.

No Brasil, teme-se desde já o impacto negativo do prometido tarifaço no superávit que o país registra na balança comercial bilateral. “O triunfo de Trump põe mais pressão no governo brasileiro por corte de gastos, já que a alta da moeda americana poderia resultar em inflação e subida mais elevada dos juros”, diz o economista André Perfeito. No campo das relações internacionais, devem pesar os laços ideológicos do presidente eleito com Jair Bolsonaro e com o argentino Javier Milei.

Lula, que antes das eleições sugeriu que um novo mandato trumpista seria “nazismo com outra cara”, cumprimentou Trump pela vitória e priorizou o diálogo que, entre os dois, sempre será relutante, sem um milímetro da efusividade da relação com Barack Obama, que se referiu ao colega brasileiro como “o cara”. Avesso a controles ambientais e a acordos internacionais, Trump terá pouco a falar com Lula sobre questões climáticas, um raro tema em que o Brasil exerce protagonismo no debate mundial. As informações são da revista Veja.

 

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