Quarta-feira, 24 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 24 de setembro de 2025
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, usou principalmente declarações públicas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do blogueiro Paulo Figueiredo Filho para denunciar os dois por coação em processo judicial.
Gonet destacou que os dois reconheceram, em publicações em redes sociais, entrevistas e outras falas a própria atuação para levar autoridades americanas a aplicarem sanções ao Brasil. Também foram utilizadas como provas trocas de mensagens entre Eduardo e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na denúncia, Gonet afirma que “os fatos expostos nesta acusação repousam em sólido acervo probatório, composto, especialmente, por declarações públicas dos próprios investigados, em suas redes sociais e em entrevistas, bem como por dados extraídos de aparelhos celulares apreendidos”.
Eduardo e Figueiredo são acusados de atuar para que o governo dos Estados Unidos aplicasse sanções ao Brasil e a autoridades brasileiras como uma forma de atrapalhar o andamento do processo conduzido pelo STF que resultou na condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
“A dupla denunciada anunciava as sanções previamente, celebrava quando eram impostas e as designava, elas próprias, como prenúncio de outras mais, caso o Supremo Tribunal não cedesse. As providências foram obtidas com porfiado esforço pela dupla, conforme os denunciados — eles próprios — triunfalmente confessam”, escreveu Gonet.
A PGR relata que desde a posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, em janeiro, Eduardo e Figueiredo passaram a ter diversas reuniões com autoridades americanas, divulgadas por eles próprios.
Em março, por exemplo, Eduardo Bolsonaro afirmou, em entrevista à CNN Brasil, que sua presença nos Estados Unidos iria “aumentar ainda mais a pressão” contra o ministro Alexandre de Moraes, chamado por ele de “perseguidor”.
“Enquanto o perseguidor estiver com o poder para fazer as maldades que bem entender, o Brasil não é um local seguro e certamente a minha estada aqui nos Estados Unidos vai aumentar ainda mais a pressão contra ele aí no Brasil”, disse.
No mês seguinte, o deputado federal e Figueiredo gravaram um vídeo em frente à Casa Branca em que relataram suas reuniões. Eduardo disse que a ameaça de apreensão do seu passaporte — que havia sido negada pelo STF — teria sido um “tiro no pé”, porque o fez ficar “24 horas por dias” focado em sua “missão” nos Estados Unidos. O resultado esperado, de acordo com ele, era “botar um freio” em pessoas que estariam “rasgando a Constituição”.
No mesmo vídeo, Figueiredo relata que os dois estavam sendo cobrados pelas sanções, mas que elas faziam parte de um “processo”, que demandava diversas reuniões.