Terça-feira, 19 de Março de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 8 de agosto de 2022
Com o aumento de casos pelo mundo todo, a varíola dos macacos foi declarada como uma emergência global pela Organização Mundial de Saúde. Sabe-se que essa doença é causada pelo vírus Monkeypox, pertencente ao gênero Orthopoxivirus, o mesmo da varíola humana, que está erradicada desde a década de 1980 e era mais letal. Mas por que a doença leva esse nome?
Tudo começou em 1958 quando o vírus foi encontrado e descrito, pela primeira vez, em macacos de cativeiro que estavam na Dinamarca. Vale ressaltar que a espécie afetada na época não ocorre no Brasil e que pesquisas apontaram que o vírus também foi achado em roedores.
A varíola dos macacos atingiu os seres humanos em 1970, sendo o primeiro paciente um menino de nove anos que vivia na República Democrática do Congo. Na época a doença foi considerada uma zoonose, ou seja, uma doença transmitida de animais a seres humanos e ficou mais restrita à África.
Trinta e três anos depois do primeiro caso, foi registrado um surto nos Estados Unidos, considerado o primeiro deste vírus fora da África. Foi após roedores serem importados daquele continente como animais de estimação (pets), disseminando o vírus para uma espécie de roedor nativo da América do Norte, conhecidos como cães-da-pradaria (Família Sciuridae), e depois destes para as pessoas, de acordo com informações divulgadas pelo ICMBio.
Até o momento, não foi identificado o animal considerado reservatório na natureza, ou seja, aquele que carrega o vírus sem apresentar sinais clínicos
Entretanto, o novo surto mundial não tem relação nenhuma com os primatas até onde se sabe.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Primatologia: “O atual surto não tem a participação de macacos na transmissão para seres humanos. Todas as transmissões identificadas até o momento pelas agências de saúde no mundo foram atribuídas à contaminação por transmissão entre pessoas”.
O primatólogo Fabiano Melo, professor de Universidade de Viçosa, faz um apelo: “As pessoas precisam entender que os macacos não têm culpa e precisam ser protegidos, assim como nós humanos. Os macacos não têm nada a ver com o surto atual e ninguém precisa ficar com medo deles ou ficar com raiva pensando que eles estariam nos prejudicando, porque eles não estão”.
“É importante ressaltar que os macacos (primatas não-humanos) não são os “vilões”, e sim vítimas como nós (humanos), e não devem sofrer nenhuma retaliação, tais como agressões, mortes, afugentamento, ou quaisquer tipos de maus tratos por parte da população. O receio de contágio por transmissão desta e de outras doenças, como a febre amarela, pela proximidade com os macacos não se justifica. Muitos microrganismos afetam a saúde de primatas humanos e não-humanos, sendo que muitas vezes os primatas adoecem antes e isto nos alerta antecipadamente sobre a presença de uma doença que pode causar impacto sobre a saúde das pessoas. Ou seja, os macacos servem como animais sentinela sobre o risco de estarmos expostos à doenças”, afirmou em nota a Sociedade Brasileira de Primatologia.
Dessa forma, apesar do vírus ter sido descrito pela primeira vez em macacos de cativeiro na Dinamarca, até hoje não foi identificado o animal considerado reservatório na natureza. Admirar um primata na floresta ou até avistar macacos na cidade não traz nenhum risco de contaminação com a varíola dos macacos.
A Sociedade Brasileira de Primatologia ressalta que caso você possua algum primata não-humano e por receio dessa virose não se sinta confortável em mantê-lo, deve entregar aos órgãos competentes, IBAMA ou Centro de Triagem de Animais Silvestres – CETAS, mesmo que o animal não seja de origem legal. Nunca solte na natureza! Ao avistarem algum macaco doente ou morto, avisem aos órgãos de saúde do seu município.
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