Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2025

Home em foco Saiba quais obstáculos Trump terá de superar para cumprir plano de deportação em massa nos Estados Unidos

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O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou sua promessa de campanha de deportação em massa de imigrantes irregulares. Em seus primeiros comentários públicos desde que venceu a eleição afirmou que o custo dessa política não será um impedimento para o novo governo. Disse ainda que sua prioridade ao assumir o cargo em janeiro seria tornar a fronteira sul “forte e poderosa”.

“Não é uma questão de custo [para implementar a medida]. Realmente, não temos escolha”, declarou na quinta-feira (7) a noite.

Havia 11 milhões de imigrantes irregulares vivendo nos EUA em 2022, de acordo com as últimas estimativas do governo, um número que se manteve relativamente estável desde 2005. A maioria — oito em cada 10 — está no país há mais de uma década.

Os imigrantes irregulares que vivem no país há anos têm proteção legal e direito ao devido processo legal, incluindo uma audiência judicial antes de sua remoção. Um aumento drástico nas deportações provavelmente implicaria em uma grande expansão do sistema de tribunais de imigração, que tem sido afetado por atrasos.

O consenso entre os especialistas em imigração e ex-funcionários da segurança interna é que as barreiras logísticas, legais, burocráticas e de custo tornariam praticamente impossível realizar as deportações em massa que Trump busca no período de um mandato presidencial de quatro anos.

“É extremamente complicado e caro decidir deportar pessoas que estão aqui há anos”, disse Laura Collins, especialista em imigração do Instituto George W. Bush em Dallas. Isso custaria “bilhões de dólares, provavelmente levaria 20 anos” e “causaria o encolhimento da economia”, acrescentou.

“Mesmo se ele tiver um Congresso disposto a promulgar reformas estatutárias drásticas e a se apropriar das dezenas de bilhões necessários, não há como esse sistema estar totalmente funcional em um período de quatro anos”, afirmou John Sandweg, funcionário de segurança interna do governo Barack Obama (2009-2017).

Mais obstáculos

Aqueles que entraram ilegalmente no país nos últimos anos foram processados na fronteira e, em seguida, liberados com ordens para comparecer ao tribunal para audiências de deportação. Enquanto seus casos tramitam no tribunal de imigração, o que normalmente leva vários anos, eles têm o direito de permanecer nos EUA.

“Trump precisaria triplicar o tamanho dos tribunais de imigração para chegar perto dos números de que ele está falando. Mesmo assim, ele precisaria de financiamento para construir novos tribunais, contratar pessoal de apoio e treinar juízes,  explicou Sandweg.

Além do custo, um Congresso polarizado, mesmo controlado pelos republicanos, ainda teria que chegar a um consenso sobre a essência da operação, uma perspectiva desafiadora, considerando que os parlamentares não conseguiram reformular o sistema de imigração por mais de duas décadas.

É provável que qualquer programa de deportação em massa também seja quase imediatamente confrontado com uma enxurrada de desafios legais de ativistas de imigração e direitos humanos.

Uma decisão da Suprema Corte de 2022, no entanto, determina que os tribunais não podem emitir liminares sobre as políticas de aplicação de leis de imigração, o que significa que elas continuariam mesmo enquanto as contestações percorressem seu caminho no sistema jurídico.

Se um governo dos EUA conseguisse avançar legalmente com os planos de deportações em massa, as autoridades ainda teriam que enfrentar enormes desafios logísticos. Para identificar e prender milhões de pessoas no interior do país, seriam necessários dezenas de milhares de agentes de imigração a mais, segundo Janet Napolitano, secretária de Segurança Interna durante o governo Obama.

Trump disse que alistaria a Guarda Nacional e outros recursos das Forças Armadas para executar seu plano. As autoridades policiais locais poderiam ser encarregadas de identificar pessoas sem documentos e entregá-las ao Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês), o que já aconteceu no passado em algumas localidades. As informações são do jornal O Globo.

 

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