Terça-feira, 01 de Julho de 2025

Home em foco Saiba quais são as estratégias do Partido de Bolsonaro e do PT caso o ex-presidente se torne inelegível

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Diante do julgamento, nesta quinta-feira (22), que pode tornar Jair Bolsonaro inelegível por oito anos, o PL já traça uma estratégia para que, mesmo fora da disputa, o ex-presidente seja efetivo como cabo eleitoral. O partido se inspira até no maior adversário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que manteve a influência no cenário político mesmo enquanto esteve preso.

Bolsonaristas veem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como o nome mais cotado para ocupar o eventual vácuo, enquanto o PT já mira uma reedição do enfrentamento nos moldes do que fez nos últimos quatro anos.

Caso a condenação de Bolsonaro se confirme, o plano do PL é apresentá-lo como um “injustiçado” que foi retirado do páreo pela ameaça que representaria à reeleição de Lula. O modelo a ser seguido é o do próprio petista, que foi preso em 2018, ficou fora da eleição daquele ano, mas manteve a presença no debate e deu a volta por cima ao conseguir o terceiro mandato, em 2022.

Apesar do discurso público de que o ex-presidente não teme o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que não há motivos para deixá-lo inelegível, aliados consideram a situação jurídica complicada. O colegiado vai analisar a partir desta quinta uma ação apresentada pelo PDT que trata de uma reunião com embaixadores realizada em 2022 em que, sem provas, Bolsonaro atacou a lisura do processo eleitoral. A Procuradoria-Geral Eleitoral pediu a condenação por abuso de poder político e, no parecer, afirma que o ex-mandatário mobilizou a população contra as urnas e usou o Estado para benefício pessoal.

Elegível ou não, Bolsonaro é peça central na estratégia do PL para a eleição do ano que vem, quando o partido espera saltar das atuais 343 prefeituras para pelo menos mil. Ele e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro vão percorrer o país pedindo votos a aliados.

Líder do partido na Câmara, Altineu Côrtes (RJ) sustenta que Bolsonaro não teme a inelegibilidade, mas deixa escapar a possibilidade de apoio a Tarcísio, em caso de derrota no TSE:

“O PL acha que não existe qualquer motivo para inelegibilidade, mas, caso isto ocorra, não temos dúvida de que ele seguirá determinado em levar o nosso projeto político à frente e será um cabo eleitoral ainda mais forte. Neste caso, é natural que Tarcísio ocupe este vácuo. É o nome mais forte que se apresenta”, projeta o deputado.

Nos últimos dias, um novo ingrediente deixou a situação de Bolsonaro ainda mais turva. A revelação de novas mensagens em que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid é instado a convencê-lo a dar um golpe, segundo a revista Veja. Isso reforçou as evidências de que o círculo íntimo do então presidente debateu a possibilidade de uma ruptura institucional.

O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) afirmou que o enredo reforça a hipótese de inelegibilidade e pontuou que a eventual saída da disputa não diminui a força da direita na eleição.

“Ele é mais forte inelegível. Se prenderem, é mais forte ainda. Ele vai transferir toda a credibilidade dele para alguém que não tem a rejeição que ele teve. Queremos que ele esteja elegível, mas se não acontecer, não altera nossos planos. A alternativa é o governador Tarcísio.”

Em abril, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro de Bolsonaro, havia citado também o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), como opção. Na entrevista, Nogueira disse considerar “mais fácil um Bolsonaro injustiçado eleger um presidente do que ele próprio ganhar em 2026”.

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que foi vice de Bolsonaro, diz que é cedo para falar de sucessão, mas aposta que a militância seguirá o candidato que eventualmente venha a substituí-lo:

“Bolsonaro será inocentado, é forçar a barra deixá-lo inelegível por isto. Mas, caso ocorra, vão mexer com um político que tem uma grande massa. Será uma espécie de mártir dando as orientações para o seu eleitorado. O número de simpatizantes aumentará”, afirmou Mourão.

No lado petista, o discurso público minimiza a influência de Bolsonaro no jogo eleitoral, na avaliação de que a disputa de 2022 só foi tão acirrada diante do uso da máquina pública na tentativa de reeleição.

Nos bastidores, no entanto, o PT dá atenção ao julgamento e prepara um modelo de enfrentamento semelhante ao que já desempenhava com Bolsonaro. A tentativa, em caso de inelegibilidade, será forçar a polarização com o escolhido do bolsonarismo, marcando posição também no Congresso, de forma a mostrar que eventuais vitórias eleitorais de aliados de Bolsonaro simbolizariam a continuidade dos ataques ao processo eleitoral.

“Bolsonaro já é uma carta fora do baralho, inelegível fica menor ainda. É óbvio que continuará com seguidores, mas bem menor do que hoje”, afirma o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR).

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