Terça-feira, 17 de Junho de 2025

Home Mundo Saiba quem é o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã

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Os ataques de Israel ao Irã nos últimos dias mataram importantes figuras do regime, incluindo generais do alto comando como Hossein Salami, comandante-chefe da Guarda Revolucionária do Irã, e Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã, segundo homem mais poderoso na linha de comando do país.

O homem mais poderoso do Irã é o aiatolá Ali Khamenei, que não foi atingido. Três autoridades americanas relataram à emissora americana CBS News que o presidente dos EUA, Donald Trump, instruiu Israel a não matar o líder supremo do Irã, que tem 86 anos.

Khamenei está no cargo há 35 anos. Ele acumula a posição de líder religioso e político, é tanto chefe de Estado como comandante-chefe e tem a palavra final sobre políticas públicas do país.

Ele passou cinco anos sem fazer uma aparição pública – jejum quebrado em outubro passado, quando proferiu um sermão em uma mesquita de Teerã após militares de Israel matarem seu antigo aliado Hassan Nasrallah, que comandou a milícia libanesa Hezbollah por mais de três décadas.

Na ocasião, disse que Israel “não iria durar muito”. A profecia parece longe de se concretizar, enquanto os militares israelenses intensificam os ataques contra o regime iraniano após terem debilitado seriamente outros grupos aliados de Teerã, como o próprio Hezbollah e o Hamas na Faixa de Gaza.

Mas Khamenei estruturou a máquina pública iraniana de forma a assegurar seu controle e já demonstrou ser capaz de atravessar diversas crises com vizinhos da região e potências ocidentais. Ele é o mais longevo chefe de Estado do Oriente Médio.

Como virou líder supremo
Nascido em 1939 na cidade de Mashhad, no leste do Irã, Khamenei teve seus anos de formação religiosa e política na década de 1960, envolvido nos movimentos que questionavam o regime do então xá Mohammad Reza Pahlevi.

Ele estudou religião em Qom, e foi fortemente influenciado pelo pensamento do aiatolá Ruhollah Khomeini, que liderava a oposição conservadora a partir do exílio. Ele se aproximou do movimento de Khomeini e logo estava ajudando a organizá-lo e executando missões em território iraniano.

Nessa época, Khamenei recebeu grande influência de teorias anticoloniais e antiocidentais e traduziu livros do egípcio Sayyid Qutb, um influente intelectual do fundamentalismo islâmico, segundo um perfil publicado pelo jornal britânico The Guardian.

Ele participou ativamente dos protestos de 1978 que antecederam a Revolução Iraniana no ano seguinte e tornou-se aliado próximo de Khomeini. Em 1980, quando Khomeini já era líder supremo do Irã, ele o escolheu para ser o imã que faria a tradicional oração de sexta-feira em Teerã.

Em junho de 1981, Khamenei sofreu um atentado a bomba que deixou seu braço direito paralisado para sempre. Quatro meses depois, foi eleito presidente da república islâmica do Irã, com 95% dos votos.

Na época, apenas quatro candidatos foram autorizados a concorrer, e os demais três eram apoiadores de Khamenei. Ele ascendeu ao posto aos 42 anos de idade – e foi o primeiro clérigo a assumir o cargo, consolidando o domínio da igreja sobre o Estado.

Em 1985, foi reeleito, e exerceu o cargo até 1989, quando seu líder e mentor Khomeini morreu de ataque cardíaco, aos 89 anos de idade.

O nome considerado favorito para assumir o posto de líder supremo era o aiatolá Hussein Ali Montazeri – que, no entanto, caiu em desgraça dois meses e meio antes da morte de Khomeini, por criticar publicamente violações de direitos humanos cometidas pelo regime iraniano.

O órgão responsável pela escolha do líder supremo, a Assembleia dos Peritos, decidiu de comum acordo que Khamenei assumiria o cargo – consta que Khomeini o havia escolhido como sucessor.

Para empossar Khamenei, foi necessário fazer uma manobra. Na época, ele não tinha ainda o grau de marja, reservado aos grandes aiatolás e exigido pela Constituição para ser líder supremo. Então, ele foi nomeado de forma temporária, a Assembleia dos Peritos alterou a Constituição e, em seguida, o confirmou no cargo.

Em 2018, um vídeo da reunião secreta de 1989 que levou a essa escolha vazou para a imprensa, revelando um Khamenei incrédulo e inseguro com a escolha.

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