Quarta-feira, 17 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 17 de setembro de 2025
O Brasil está em movimento — e não apenas pelas ruas congestionadas das grandes cidades. Uma transformação silenciosa, mas profunda, está redesenhando o mapa da mobilidade urbana e, com ele, o mercado de seguros automotivos. Pela primeira vez, as motocicletas ameaçam a supremacia dos automóveis nas cotações de seguros. Segundo o novo Mapa de Seguros da Serasa, a procura por seguros de motos cresceu 13 pontos percentuais em apenas 12 meses. Em agosto de 2024, 72% das cotações eram para carros. Um ano depois, esse número caiu para 59%, enquanto as motos saltaram de 28% para 41%.
Essa virada não é apenas estatística — é simbólica. A moto deixou de ser um veículo marginal para se tornar protagonista da mobilidade moderna. Em tempos de inflação persistente, combustíveis instáveis e cidades paralisadas pelo trânsito, o brasileiro redescobriu a moto como ferramenta de trabalho, transporte e liberdade. E, ao contrário do estereótipo do motociclista desprotegido, os dados mostram que ele está cada vez mais consciente da importância de se resguardar.
No Rio Grande do Sul, esse fenômeno ganha contornos ainda mais nítidos. Aqui 72,91% dos que possuem seguro de motos são homens, em contraste com os 65,59% dos segurados de automóveis. A faixa etária mais comum entre os donos de carros está entre 36 e 45 anos (31,2%), enquanto nas motos, esse grupo representa 22,5%. O estado civil também revela um abismo comportamental: 64,5% dos homens com seguro de carro são casados; entre os motociclistas, 62,8% são solteiros. As mulheres seguem a mesma tendência — 56,6% das seguradas de automóveis são casadas, enquanto 69,2% das motociclistas são solteiras.
Essas diferenças refletem momentos de vida distintos. Os consumidores de seguros para automóveis tendem a ser mais velhos, casados e com foco na proteção familiar. Já os motociclistas são, em sua maioria, jovens adultos que buscam mobilidade, independência e praticidade — características que se alinham ao crescimento dos aplicativos de transporte e à popularização das motos como ferramenta de trabalho.
Outro ponto relevante é a saúde financeira dos segurados. No RS, 77,9% dos que possuem seguro de automóveis estão adimplentes, enquanto entre os motociclistas esse índice é ainda maior: 86,8%. A pontuação de crédito também revela diferenças: 49% dos segurados de automóveis têm score excelente, contra 38,2% dos que possuem seguro de motos. Nacionalmente, 72% dos brasileiros com seguro de carro ou moto têm Serasa Score acima de 500, indicando bom comportamento financeiro.
A faixa de renda também varia entre os públicos. No RS, 24,5% dos segurados de automóveis têm renda entre R$ 3 mil e R$ 4,5 mil mensais, enquanto 25,5% dos motociclistas estão na mesma faixa. O valor dos veículos segurados também difere: 29,8% dos carros valem entre R$ 40 mil e R$ 70 mil, enquanto 60,3% das motos estão na faixa de R$ 20 mil a R$ 35 mil.
Esses dados revelam não apenas o perfil econômico, mas também a percepção de valor e risco entre os consumidores. O carro, muitas vezes associado à estabilidade familiar e ao patrimônio de longo prazo, ainda ocupa espaço relevante no imaginário coletivo. Já a moto, antes vista como alternativa de menor custo, agora representa agilidade, autonomia e, cada vez mais, responsabilidade.
A análise regional reforça essa mudança. As cotações de seguros para automóveis se concentram no Sudeste (67,4%), refletindo a densidade populacional e a presença das principais montadoras. Já as cotações de seguros para motocicletas são mais distribuídas: Nordeste (40,2%), Sudeste (32%), Norte (10,5%), Centro-Oeste (9,3%) e Sul (8%). Essa pulverização mostra que o seguro de moto está se tornando uma realidade nacional — e não apenas urbana.
O Mapa de Seguros da Serasa, elaborado com base em dados da plataforma TEx Analytics e do sistema TELEPORT, utilizado por milhares de corretoras no país, não é apenas um retrato do presente — é um vislumbre do futuro. Um futuro onde o seguro não é mais um luxo, mas uma necessidade. Onde o motociclista não é mais invisível, mas protagonista. Onde o brasileiro, mesmo com pouco, busca proteger o que tem.
Essa mudança de mentalidade é profunda. É o Brasil que, mesmo com os freios da economia, acelera na direção da responsabilidade. Que entende que proteger um bem é proteger a si mesmo. Que, entre curvas e retas, escolhe seguir em frente com segurança.
E se o seguro é o cinto de segurança da vida financeira, o brasileiro está finalmente aprendendo a usá-lo. Não por obrigação, mas por consciência. Porque, no fim das contas, o que está em jogo não é só o veículo — é o caminho.
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