Sábado, 26 de Julho de 2025

Home Política Senadores democratas acusam Trump de “abuso de poder” em tarifaço ao Brasil

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Um grupo de senadores do Partido Democrata, nos Estados Unidos, enviou uma carta ao presidente americano Donald Trump questionando a tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. Os 11 parlamentares que assinam o documento dizem ter “profunda preocupação com o claro abuso de poder inerente à sua recente ameaça de iniciar uma guerra comercial com o Brasil”.

Eles lembram que os americanos importam mais de US$ 40 bilhões anualmente do Brasil, incluindo quase US$ 2 bilhões em café. “O comércio entre os EUA e o Brasil sustenta quase 130 mil empregos nos Estados Unidos. Uma guerra comercial com o Brasil tornaria a vida mais cara para os americanos, prejudicaria as economias americana e brasileira e aproximaria o Brasil da China – e tudo porque o presidente dos Estados Unidos quer corromper um processo judicial estrangeiro para ajudar seu amigo pessoal”, uma referência ao processo do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF.

Segundo os senadores, os Estados Unidos e o Brasil têm questões comerciais legítimas que devem ser discutidas e negociadas. “No entanto, a ameaça tarifária do seu governo claramente não é direcionada a isso”, escreveram. “Interferir no sistema jurídico de outra nação soberana cria um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca os cidadãos e as empresas americanas em risco de retaliação”, continuaram. “Usar todo o peso da economia americana para interferir nesses processos em nome de um amigo é um abuso grave de poder, prejudica a influência dos Estados Unidos no Brasil e pode prejudicar nossos interesses mais amplos na região.”

A carta é assinada pelos senadores Tim Kaine, Jeanne Shaheen, Adam Schiff, Dick Durbin, Kirsten Gillibrand, Peter Welch, Catherine Cortez Masto, Mark R. Warner, Jacky Rosen, Michael Bennet e o reverendo Raphael Warnock).

Veja a seguir a íntegra da carta

“Prezado presidente Trump:

Escrevemos para expressar nossa profunda preocupação com o claro abuso de poder inerente à sua recente ameaça de iniciar uma guerra comercial com o Brasil. Os Estados Unidos e o Brasil têm questões comerciais legítimas que devem ser discutidas e negociadas. No entanto, a ameaça tarifária de seu governo claramente não se dirige a isso. Tampouco se trata de um déficit comercial bilateral, já que os EUA tiveram um superávit comercial de US$ 7,4 bilhões com o Brasil em 2024 e não têm déficit comercial com o Brasil desde 2007.

Em vez disso, como o senhor afirma explicitamente em sua carta ao presidente brasileiro Lula da Silva, a ameaça de impor tarifas de 50% sobre todas as importações do Brasil e a ordem ao Representante Comercial dos EUA para iniciar uma investigação nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 têm como objetivo principal forçar o sistema judicial independente do Brasil a interromper o processo contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Interferir no sistema jurídico de outra nação soberana cria um precedente perigoso, provoca uma guerra comercial desnecessária e coloca cidadãos e empresas americanas em risco de retaliação.

O sr. Bolsonaro é um cidadão brasileiro que está sendo processado nos tribunais brasileiros por supostas ações sob sua jurisdição. Ele é acusado de trabalhar para minar os resultados de uma eleição democrática no Brasil e de conspirar para dar um golpe de Estado. Usar todo o peso da economia americana para interferir nesses processos em nome de um amigo é um abuso grave de poder, prejudica a influência dos Estados Unidos no Brasil e pode comprometer nossos interesses mais amplos na região. O anúncio feito por seu governo em 18 de julho de 2025 sobre sanções de visto contra autoridades judiciais brasileiras que trabalham no caso do sr. Bolsonaro indica, mais uma vez, a disposição de seu governo de priorizar sua agenda pessoal em detrimento dos interesses do povo americano.

Suas ações aumentariam os custos para as famílias e empresas americanas. Os americanos importam mais de US$ 40 bilhões anualmente do Brasil, incluindo quase US$ 2 bilhões em café. O comércio entre os EUA e o Brasil sustenta quase 130.000 empregos nos Estados Unidos, que estão em risco devido às ameaças de tarifas elevadas. O Brasil também prometeu retaliar, e o senhor prometeu retaliar preventivamente da mesma forma – o que significa que os exportadores americanos sofrerão e os impostos sobre as importações para os americanos aumentarão além do nível de 50% que o senhor ameaçou.

Uma guerra comercial com o Brasil também servirá para aproximar o Brasil da República Popular da China (RPC) em um momento em que os EUA precisam combater agressivamente a influência da RPC na América Latina. Empresas estatais e ligadas ao Estado chinês estão investindo pesadamente no Brasil, incluindo vários projetos portuários em andamento, e recentemente o China State Railway Group assinou um Memorando de Entendimento (MOU) para estudar um projeto ferroviário transcontinental.

Essas considerações não são exclusivas do Brasil. Em toda a América Latina, a República Popular da China está trabalhando para aumentar sua influência por meio da Iniciativa Belt and Road. Estamos preocupados que suas ações para minar um sistema judicial independente apenas aumentem o ceticismo em relação à influência americana em toda a região e proporcionem aos funcionários da República Popular da China e às empresas apoiadas pelo Estado maior credibilidade para sua agenda. A mesma tendência também está ocorrendo no leste e sudeste da Ásia.

Os objetivos primordiais dos EUA na América Latina devem ser o fortalecimento de relações econômicas mutuamente benéficas, a promoção de eleições democráticas livres e justas e o combate à influência da RPC. Pedimos que você reconsidere suas ações e priorize os interesses econômicos dos americanos que desejam previsibilidade, e não outra guerra comercial.”

(Com informações do O Estado de S.Paulo)

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