Sábado, 16 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 15 de agosto de 2025
O ex-namorado de Isabella Pinheiro, de 32 anos, evitava ao máximo compartilhar nas redes sociais qualquer registro que tivesse com a consultora de marketing, o que motivou inúmeras discussões entre os dois durante o ano em que estiveram juntos. “A desculpa era de que ele não usava os apps, mas estava sempre lá curtindo todos os posts. Questionei sobre isso com mais firmeza em outro momento, e ele acabou postando uma foto nossa, mas sem qualquer cuidado. Escolheu justo uma imagem em que me sentia feia”, comenta a mineira, que descobriu, logo depois, que estava sendo traída pelo parceiro. “Uma desconhecida me mandou mensagem via perfil fake dizendo que também estava se relacionamento com o cara havia um ano.”
Com ou sem traição, em tempos de superexposição nesses canais, postar ou não fotos com os parceiros virou um dilema tão frequente, que ganhou até nome: pocketing, prática em que uma das partes esconde a existência do parceiro amoroso nas redes – para se “eximir” de compromissos fora delas.
Segundo o psicanalista André Alves é importante diferenciar o pocketing de um desejo legítimo por reserva. “Vivemos um momento em que a privacidade foi implodida, tudo virou palco”, explica. Nesse cenário cronicamente on-line, de acordo com o especialista, compartilhar a vida virou quase uma obrigação, e a linha entre o que é íntimo e o que é público ficou cada vez mais turva. “As relações amorosas também passam a fazer parte desse espetáculo, e isso pode provocar tanto a vontade de exibir quanto a de esconder, seja por proteção ou por conveniência”, completa.
No início do relacionamento à distância da pernambucana Bruna (nome fictício), de 36 anos, com o atual marido, a discrição nas redes era baseada justamente na máxima “o que ninguém sabe, ninguém atrapalha”. “Achei que fazia sentido, porque realmente senti que me expunha demais, algo que chegou a atrapalhar meu antigo namoro”, comenta ela, que preferiu não ter o nome verdadeiro revelado. Seis meses depois, a contabilista descobriu que o parceiro, que morava em Portugal, continuava casado com a mulher de quem afirmava ter se separado. “Terminei num domingo. Na quarta-feira, ele desembarcou no Brasil e correu atrás de mim, afirmando que iria ficar comigo. A partir de então, fui assumida e comecei a postar nossas fotos nas redes. Por tudo o que aconteceu, isso passou a me servir como um meio de defesa.”
“Proteção contra olho gordo” foi a desculpa da ex-namorada do jornalista Felipe Nunes para não postar fotos ao lado do parceiro nas redes. “Ela dizia que nunca havia sido uma pessoa de publicar registros de relações na internet, e que daria muito trabalho apagar tudo se terminássemos”, diz o paulista, de 38 anos. “Nunca foi o maior motivo das nossas brigas, mas confesso que me incomodava bastante.”
Para Thomas Schultz-Wenk, psicólogo de relacionamentos, a chave para evitar conflitos em torno do pocketing está na comunicação clara e na leitura do contexto. “Se o casal está apenas ficando, talvez não seja o momento de cobrar postagens. Mas se estão namorando, é razoável conversar sobre isso”, afirma. Em vez de criticar o companheiro por nunca publicar um registro, o especialista sugere expressar com franqueza o sentimento em relação à exposição nas redes. “Reclamar não adianta nada. Relacionamento é comunicação. É deixar claro a importância de ver a relação sendo representada naquele ambiente”, diz Thomas. “Se a pessoa espera que a outra tenha iniciativa e se frustra por isso, talvez seja ela mesma quem precise dar o primeiro passo para evitar brigas lá na frente.” Que tal?
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