Quinta-feira, 26 de Junho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 25 de junho de 2025
O supertelescópio espacial James Webb fez uma descoberta histórica ao capturar pela primeira vez a imagem direta de um exoplaneta, um planeta fora do nosso Sistema Solar. O achado foi publicado num artigo na revista Nature nesta quarta-feira (25). No estudo, os cientistas relatam que o observatório conseguiu “fotografar” diretamente o TWA 7b, como ele foi apelidado, mesmo o planeta orbitando uma estrela, algo extremamente difícil de fazer.
Na imagem, o planeta é o ponto laranja ao redor do círculo azul. Os cientistas usaram um símbolo gráfico (que, para muitos, lembra o escudo do clube de futebol Botafogo) para marcar o local onde fica a estrela em torno do qual o exoplaneta está posicionado.
Fotografar um exoplaneta do tipo é um grande desafio porque o brilho de uma estrela quase apaga a luz desses astros. Justamente por isso, ao capturar a imagem da estrela, os cientistas bloquearam o brilho dessa estrela e acabaram usando apenas o símbolo para marcar sua posição.
Além disso, os exoplanetas estão tão distantes de nós que parecem pontos minúsculos, mesmo com os melhores telescópios do mundo. O Webb, o observatório espacial mais poderoso já construído, localizou o corpo celeste em um disco cheio de rochas e poeira ao redor da estrela jovem. E descobriu que ele está cercado por detritos espaciais onde futuros planetas ainda estão se formando.
“Esta descoberta representa um marco importante na busca por exoplanetas”, informou o Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) em um comunicado. A pesquisa foi liderada por cientistas franceses do Observatório de Paris.
O exoplaneta orbita uma estrela chamada TWA 7, localizada em um sistema solar jovem. O que torna essa descoberta ainda mais especial, contudo, é que o planeta é dez vezes mais leve do que outros mundos já fotografados antes.
Dessa forma, TWA 7b tem uma massa parecida com a de Saturno e pesa cerca de 30% do que pesa Júpiter, o maior planeta do nosso Sistema Solar. Pode parecer grande, mas para os padrões dos exoplanetas já fotografados, ele é considerado “levinho”.
Para resolver o problema do ofuscamento da estrela, os cientistas usaram uma técnica especial que envolve a utilização do coronógrafo do James Webb, uma espécie de placa circular posicionada no foco do telescópio. Com o aparelho, eles conseguiram “tapar” artificialmente a luz da estrela, como se fosse um eclipse artificial. Com isso, conseguiram enxergar o que estava ao redor da estrela.
Os pesquisadores se concentraram então em sistemas solares jovens, com apenas alguns milhões de anos e procuraram por “berçários” onde planetas ainda estão nascendo. Nesses locais, os planetas recém-formados ainda estão quentes, o que os torna mais brilhantes e fáceis de detectar.
Nesse processo, o sistema TWA 7 chamou atenção porque possui três anéis concêntricos muito peculiares. Um desses anéis é inclusive especialmente fino e está cercado por duas áreas praticamente vazias.
Os cientistas suspeitaram então que esses anéis eram formados pela influência gravitacional de planetas invisíveis. Dessa forma, quando o James Webb conseguiu fotografar o sistema, encontrou exatamente o que procurava: uma fonte de luz no centro do anel mais estreito.
“Este observatório [o James Webb] nos permite capturar imagens de planetas com massas semelhantes às do Sistema Solar, o que representa um avanço empolgante na nossa compreensão de sistemas planetários, incluindo o nosso”, acrescentou a coautora do estudo Mathilde Malin, da Universidade Johns Hopkins.
Agora os cientistas esperam que o James Webb consiga fotografar mundos com apenas 10% da massa de Júpiter, mas o objetivo final é conseguir fotografar diretamente planetas rochosos como o nosso.
No Ar: Pampa News