Terça-feira, 03 de Dezembro de 2024

Home em foco Surge a suspeita de que a deputada federal Carla Zambelli teria pago hacker com dinheiro público

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Os pagamentos feitos pela deputada federal Carla Zambelli (PL) ao hacker Walter Delgatti, conhecido como o “hacker da Vaza Jato”, estão sob a mira da Polícia Federal (PF). A corporação teve acesso aos dados das transações financeiras e comprovaram que ele recebeu R$ 13,5 mil, via Pix, de pessoas próximas à deputada federal. Agora, um contrato obtido pela PF pode revelar que o dinheiro público talvez tenha sido utilizado nesse pagamento.

Após a Operação 3FA, que ocorreu na última quarta-feira (2), Zambelli veio a público afirmar que os pagamentos feitos ao hacker foram para manter o próprio site. Mas negou que tenha usado dinheiro público, por meio da cota parlamentar, que destina verba aos deputados para custeio das despesas do mandato.

“Os pagamentos foram sempre relacionados ao site, para fazer melhorias no site. Não foi da minha cota. Todo dinheiro foi de empresa que eu subcontratei, e essa empresa pagou, mas do meu bolso, não da cota”, disse Zambelli.

Apesar das afirmações, os dados de transparência da Câmara dos Deputados revelam que, de outubro de 2022 a abril deste ano, um total de R$ 94 mil foram pagos por Zambelli a um serviço de divulgação parlamentar, cuja dona é a esposa de Jean Hernani Guimarães Vilela, assessor da deputada e responsável por parte do pagamento ao hacker, Monica Romina Santos de Sousa.

Ao todo, foram cerca de sete pagamentos no valor de R$ 9 mil em cada mês. Apenas em dezembro, um mês antes da invasão ao sistema do CNJ, houve mais um repasse de R$ 31 mil. No cadastro da empresa na Receita Federal tanto o e-mail quanto o telefone são contatos de Jean Hernani.

Entenda o caso

Delgatti é suspeito de invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), entre 4 e 6 de janeiro deste ano. Nas datas, foram inseridos no sistema do CNJ e de outros tribunais brasileiros 11 alvarás de soltura de presos e um mandado de prisão falso contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O hacker teria recebido R$ 13,5 mil de Jean Hernani e Renan Goulart, o primeiro tendo pago R$ 10,5 mil e o outro os R$ 3 mil restantes).

O nome da Operação 3FA faz alusão a um protocolo de segurança digital que exige duas formas de identificação para permitir acesso, chamada de autenticação de dois fatores (2FA).

Gabinete vazio

Investigadores da Polícia Federal (PF) afirmaram que o gabinete da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que foi alvo de operação estava “limpo”. No local, não havia nenhum computador de uso de Zambelli e mesmo o lixo estava revirado, o que causou estranheza nos investigadores. Um deles, inclusive, levantou a suspeita de possível vazamento da operação.

A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que também determinou apreender o passaporte da parlamentar e dinheiro e bens acima de R$ 10 mil.

A defesa de Carla Zambelli nega irregularidades da deputada. Em nota, disse que “respeita-se a decisão judicial, contudo, refuta-se a suspeita que tenha participado de qualquer ato ilícito”.

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