Quarta-feira, 09 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 9 de julho de 2025
Aos 46 anos, Taís Araujo reúne o Brasil para o acerto de contas com a vilã Maria de Fátima, interpretada pela atriz Bella Campos. Foram 30 anos de carreira, 14 novelas e 8 protagonistas que trouxeram a veterana para esse momento quase agoniante por um ‘basta!’.
Um roer de unhas dos telespectadores que só a cultura popular de novela pode proporcionar. Na nova fase de “Vale Tudo”, os papéis se equilibram, os astros se alinham, e fazem com que um país inteiro pare para ver uma mãe assumindo as rédeas da própria vida e rasgando de vez o elo problemático da maternidade abusiva.
Sim, é a partir desse entendimento de relacionamento abusivo que Taís Araujo se sustenta para refletir sobre a virada de chave de Raquel na nova versão da novela. “Não tem limite o que uma mãe pode suportar por um filho. No caso da Raquel, é um desejo desesperador de resgatar essa filha.
Ela abdicou da vida dela para essa criação. Essa não é só a Raquel – a gente conhece milhões de mulheres assim, que abdicam de si pelo outro, pela família… A Raquel é uma dessas mulheres que a gente conhece”, diz ela na entrevista de capa de julho da Quem, na qual aparece poderosa com laces.
Na noite desta segunda-feira (7), assistimos à emblemática cena em que Raquel rasga o vestido de noiva da filha, Maria de Fátima (Bella Campos), após expor algumas das falcatruas da jovem.
“Assisti ao capítulo com meu marido. A gente estava bem apreensivo. A reação foi linda, recebi uma onda de amor dos meus colegas, dos meus amigos e do público. O mais importante é fazer com que o outro sinta a emoção. Esse é o nosso trabalho. Sabia que as pessoas estavam esperando muito por essa cena e, obviamente, queríamos que as pessoas curtissem”, conta.
Da violência física à patrimonial, a narrativa de Maria de Fátima escancara o que muitas vezes é colocado em segundo plano quando se fala em relações tóxicas. “Ela realmente manipula a Raquel, que fica ali sem saber como lidar. Tudo é um medo de perder, um medo da culpa. Ela, que é uma mulher tão forte, determinada, na relação com a Fátima, ela não consegue. Ela fica frágil e cede”.
Para Taís, nas relações de maternidade também é necessário ficar vigilante. “Eu acho que todas correm o risco de serem abusivas. Desde uma relação entre casal, uma relação entre amigos, até uma relação entre pais e filhos. A gente tem que ficar muito atento para não abusar ou ser abusado”.
Fora dos momentos de gravação, a atriz conta conseguir sentir a energia do telespectador ansioso pela hora em que Raquel irá dar um basta nos abusos da filha. Para a atriz, o público ficar com raiva da personagem faz parte do jogo chamado roteiro, pensado principalmente para potencializar a reviravolta tão aguardada.
“É importante estar fervendo nesse lugar. Mas o meu trabalho como atriz, como intérprete da Raquel, é dizer que é muito fácil julgar quando você não está dentro da relação”, reflete. “A gente, dentro da nossa própria vida, sempre arruma solução para a vida dos outros. E é muito curioso que normalmente a gente repudia o que a gente reconhece na gente… Se estivéssemos nessa situação da Raquel, acho que também iríamos demorar para acordar”.
Na vida pessoal, Taís se orgulha da família construída com o ator Lázaro Ramos. Juntos, são pais de João Vicente, de 14 anos, e Maria Antônia, que tem 10 anos. Para ela, no entanto, a sua maternidade e a de Raquel se distancia num ponto crucial.
“Eu acho que eu sou uma mãe que coloca limites. Porque para mim limite é amor. E se eu não der limite, quem vai dar mais tarde é a sociedade, e vai ser muito pior. É isso que me difere da Raquel”, afirma. “Eu faria de tudo e muita coisa para resgatar um filho que está perdido. Mas faz parte do limite fazer com que os seus filhos assumam as suas responsabilidades. Eu falo com os meus, até desde pequenos: você escolheu isso? Banca a sua escolha. Toda escolha implica uma renúncia”.
Na primeira versão de Vale Tudo, a cena que marcou gerações foi a de Raquel – papel de Regina Duarte – confrontando Maria de Fátima, na época Gloria Pires, após descobrir ter sido vítima de uma mentira que a separou do par romântico, Ivan, além de descobrir o casamento por interesse da filha com Afonso.
Taís Araujo voltou à gravação de 37 anos atrás para estudar a vingança da sua personagem. “No dia que a gente fez, eu confesso que estava muito concentrada. Eu estava estudando essa cena há muito tempo, eu revi a da primeira versão para entender a importância dela”, revela, explicando que na época da primeira versão tinha apenas 10 anos. “Mas eu não revi a novela inteira para poder fazer a minha Raquel”.
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