Segunda-feira, 25 de Agosto de 2025

Home em foco “Tarde demais”, lamentam palestinos após ONU declarar que há fome na Cidade de Gaza

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Com panelas e baldes nas mãos, uma multidão de palestinos desesperados precipitou-se neste sábado para conseguir arroz em um refeitório social em Gaza, um dia após a ONU declarar pela primeira vez que há fome na cidade, devastada pelo conflito com Israel. As imagens da AFP da maior localidade do enclave palestino, que Israel planeja tomar como parte da intensificação de sua ofensiva militar, mostram mulheres e crianças em meio ao caos, com dezenas de pessoas se empurrando e gritando para conseguir comida.

Uma criança, informa a AFP, raspava com as mãos alguns grãos que restavam em uma panela.

“Não temos casa, nem comida, nem renda (…), então somos obrigados a recorrer aos refeitórios sociais, mas o que eles nos dão não matam nossa fome”, disse Yusef Hamad, 58 anos, deslocado para Gaza da cidade de Beit Hanun.

Mais ao sul, em um refeitório social de Deir al-Balah, Um Mohamad, de 34 anos, afirmou que a declaração de fome na Cidade de Gaza feita pela ONU chegou “tarde demais”.

A Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), uma autoridade no tema apoiada pela ONU, informou na sexta-feira que a fome afeta 500 mil pessoas na governadoria de Gaza, uma área que abrange cerca de 20% do enclave. As crianças “cambaleiam por conta da tontura, incapazes de ficar despertas devido à falta de comida e água”, descreveu.

O Escritório de Assuntos Humanitários da ONU também afirmou que a fome “poderia ter sido evitada” sem “a obstrução sistemática por Israel” da ajuda ao longo dos mais de 22 meses de guerra.

“Dever moral”

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no entanto, rejeitou o relatório da ONU, que classificou de “mentira descarada”.

O chefe da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, declarou no sábado (23) que “é hora de o governo de Israel parar de negar a fome que criou em Gaza”. E que “todos aqueles que têm influência (para resolver a crise) devem usá-la com determinação e senso de dever moral”.

A IPC estimou que a fome se espalhará para as áreas de Deir al-Balah e Khan Younis até o fim de setembro, penalizando cerca de dois terços da Faixa de Gaza.

Israel segue bombardeando o território palestino. Imagens da AFP deste sábado também mostraram uma densa coluna de fumaça sobre o bairro de Zeitoun, na Cidade de Gaza.

“Fim está próximo”

O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal, descreveu a situação nos bairros de al-Sabra e Zeitoun como “absolutamente catastrófica”, e destacou a “destruição de complexos residenciais inteiros”.

O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, prometeu “destruir Gaza” se o grupo terrorista Hamas não aceitar se desarmar por completo, libertar todos os reféns e pôr fim ao conflito nos termos de Israel.

O ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou o conflito atual, causou a morte de 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo levantamento da AFP baseado em números oficiais.

As represálias israelenses na Faixa de Gaza já deixaram 62.622 mortos, a maior parte civis, de acordo com números do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza — governada pelo Hamas —, que a ONU afirma serem confiáveis. As informações são de O Globo

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